sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Especial Champions League - Manchester City

Barcelona x Manchester City


     Matematicamente, as chances do Barcelona pegar Manchester City ou Arsenal, os rivais mais difíceis do pote 2, eram de 34,602%. Na prática, todos nós sabíamos que acabaríamos enfrentando um deles. Porque assim é o Barcelona. E o palco do sorteio não poderia ser mais favorável: Judas, também conhecido como Luis Figo, era quem sorteava as bolinhas. Eis que saiu a primeira bolinha: Manchester City FC. E, como não poderia deixar de ser, sai da mão de Judas a outra: FC Barcelona. O melhor confronto das oitavas-de-final da Champions já tem datas marcadas: 18/02/14 (em Manchester) e 12/03/14 (em Barcelona).

     As semelhanças entre os clubes não são poucas: os atuais diretores de futebol do City, Txiki Begiristain e Ferran Soriano, são ex-diretores do Barcelona em uma das épocas mais gloriosas do time. Yaya Touré, que já foi ídolo do Barcelona, também joga por lá. Fora a legião de argentinos: Lionel Messi e Mascherano por parte do Barcelona, Demichelis, Zabaleta e Aguero por parte do Manchester City. Aguero, alias, que é um velho conhecido do Barcelona: em 11 partidas com a camisa do Atlético de Madrid, Aguero foi carrasco do Barcelona, marcando em 6 oportunidades, inclusive em uma inesquecível vitória por 4-2 na temporada 2007/08. Será, acima de tudo, um confronto muito divertido. Mas nada fácil.

     Sobre o jogo, Tata Martino deu algumas palavras: "Se teríamos que enfrentar um rival difícil agora ou 15 dias depois, prefiro que seja agora. Queremos chegar bem em fevereiro. Pellegrini é provavelmente um dos melhores técnicos do mundo e o City é uma equipe muito forte, mas vamos com força." - Respeito, não medo.
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Ficha Técnica

Data do jogo de ida, horário e local: 18/02/14, 15:45 (a confirmar), Etihad Stadium.
Data do jogo de volta, horário e local: 12/03/14, 15:45 (a confirmar), Camp Nou.
Transmissão: ESPN (confirmado), Esporte Interativo (1º jogo confirmado) e possivelmente Band.
Possíveis escalações:
 • Barcelona: Valdés - Alves Pique Mascherano Alba - Busquets Xavi Iniesta - Neymar Messi Alexis
 • Man. City: Hart - Zabaleta Kompany Nastasic Clichy - Fernandinho Touré Silva Nasri - Aguero Negredo.
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Plano Tático

     Como não existe qualquer retrospecto recente válido de partidas oficiais entre Barcelona e Manchester City, não dá para dizer que são dois rivais que estão acostumados a jogar um contra o outro. Esse é na verdade o primeiro confronto oficial entre ambos na história. Além desse, apenas amistosos, com retrospecto ligeiramente favorito para o Barcelona: 3V, 1E, 2D, sendo o último encontro um 1-0 do Manchester City sobre o Barcelona no Joan Gamper de 2009. Será  interessante observar como o City se portará em campo.

     Baseando-se em jogos da Premier League, o City tem uma maneira muita clara de jogar: sempre ofensivo. Um time forte fisicamente, tanto em músculos quanto em velocidade, justamente algo que costuma complicar o Barcelona em alguns jogos. Pela ausência de um verdadeiro 'winger' no 'XI de gala' - razão pela qual Jesus Navas, ex-Sevilla, foi contratado na janela de Julho e hoje é opção de banco -, o jogo do City costuma afunilar pelo meio, beneficiando-se da criatividade dos volantes/meias Fernandinho e Yaya Touré. Eles são quem conduzem a bola para David Silva e Nasri, os responsáveis pelo passe diferenciado, além de providenciar um desafogo físico caso os maestros do time não consigam trabalhar a bola. Chutes de longa distância de ambos meio-campistas já se provaram uma arma muito eficiente utilizada na Premier League com frequência. No ataque, um espetacular Aguero, com média de 1 gol por jogo antes de sua lesão em Dezembro, e Negredo, que vem em ascensão no time, desbancando a até então titularidade de Dzeko.

     Um time que mescla força física e capacidade técnica, ainda que o repertório de jogadas acabe sendo facilmente limitado ao isolar o meio-campo dos outros setores do time, como o Bayern fez em sua primeira partida, um 3-1 na casa do City. Pep utilizou Muller como 'falso 9' no lugar de Mandzukic, produzindo o que parecia um 4-6-0 em campo. Funcionou: o City não conseguia em momento algum ficar com a bola e os setores de seu campo ficaram muito distantes. O Barcelona precisa explorar essa alternativa.

     A defesa, apesar de acima da média, não pode exatamente ser chamada de sólida: foram 18 gols sofridos nos 16 jogos anteriores à data do sorteio da Champions League. Números pouco espantosos, mas que revelam que a defesa não tem a mesma fluidez do ataque extremamente poderoso. As constantes lesões de Kompany e Richards também não ajudam no fator entrosamento. Na comparação com a defesa do Barcelona, tão criticada por sua fragilidade, vantagem blaugrana: apenas 10 gols sofridos em seus primeiros 16 jogos em La Liga. Comparando os ataques, equilíbrio: 47 gols em 16 jogos pro City, 44 gols em 16 jogos pro Barcelona. Não é nesse setor que ambos tem qualquer problema.


1) O desenho tático do City não costuma variar muito. Esse costuma ser o 'XI de gala':


- O City há algumas temporadas usa o 4-4-2, tão abandonado no futebol contemporâneo, mas muito efetivo se usado corretamente. Os dois atacantes não ficam apenas na banheira, também voltam e ajudam na marcação, alternando o desenho para um 4-5-1 quando estão defendendo.

- Zabaleta e Clichy são essencialmente defensores. Podem subir ao ataque, mas são melhores na defesa. Como opção ofensiva pela esquerda, o City tem Kolarov para casos extremos.

- Yaya Touré e Fernandinho são a dupla de volantes. Fernandinho segura mais, enquanto Touré tem liberdade para ocupar o campo inteiro. Seu grande trunfo são as arrancadas em espaços abertos.

- Nasri e David Silva fazem as vezes de 'winger' para descentralizar o jogo, quando necessário. Não são naturais nessa posição, então não é o ideal. Daí a opção por Jesus Navas ou Milner em alguns jogos.

- Aguero e Negredo são a dupla de atacantes. Muita mobilidade, especialmente pela parte de Aguero, e poder de finalização. Um é a fluidez, o outro é a força física. Formam uma dupla quase perfeita.
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Pontos Fortes

- Jogo em espaços abertos. Se o City encontrar espaços para as corridas de Touré, David Silva e Aguero, é praticamente imparável. Combinam força física e velocidade.

- Bolas paradas. Na temporada do título da Premier League do Manchester City (2011-12), os blues foram o time que marcou mais gols de escanteio na competição. Kompany e Negredo são especialistas.

- Recuperação de bola no ataque e contra-ataques. O City faz o mesmo que o Barcelona: pressiona muito a defesa adversária para tentar recuperar a bola e já contra-atacar. A maioria de seus gols são assim.
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Pontos Fracos

- Não jogam bem quando não encontram espaços. A Premier League é conhecida pelo seu pouco primor tático e técnicos como o Pellegrini aproveitam muito disso. Contra times mais refinados, como o Bayern, por exemplo, não conseguiram encontrar espaços e sofreram. Ocupar os espaços é construir a vitória.

- Defesa lenta. A noção de posicionamento da maioria dos defensores é ótima, mas sua velocidade nas pernas não acompanha sempre a do raciocínio. Kompany, Nastasic e Zabaleta: nenhum deles prima pela velocidade.

- Jogo muito centralizado. Na ausência de Jesus Navas no time titular, David Silva e Nasri são obrigados a abrir pelas pontas caso o jogo não esteja fluindo pelo meio. Como não são naturais dali, sofrem.
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Considerações Finais

- Nem tudo que é dito aqui necessariamente acontecerá, mas a maioria provavelmente sim. O City é um dos times que mais acompanho na Premier League há pelo menos 3 anos, mas mudanças acontecem.

- Existe um lado positivo e um lado negativo em pegar um adversário tão forte nas oitavas-de-final. O lado positivo, claro: a diversão. Passamos o ano inteiro enfrentando times relativamente fracos em La Liga, um jogo divertido pra variar é sempre bom. O lado negativo é que será difícil. E desgastante. Mas força!

- Respeito, sim; medo, nunca.

- Muito se tem dito que o Manchester City é o grande favorito no confronto, que está em melhor momento e que vencerá. Concordo, afinal, eles são os líderes de seu campeonato nacional, ganharam 3 Champions League nos últimos anos e ainda têm o melhor jogador do mundo.

...oh, wait, esses somos nós.



VISCA EL BARÇA!




quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Memória FCB I - Hristo Stoichkov

Hristo Stoichkov


     De personalidade forte e sempre envolvido em brigas, Stoichkov era no tempo dele o que Balotelli ou Joey Barton são hoje - com a diferença que o búlgaro justificava sua marra em campo. Briguento sim, mas ótimo jogador. O maior da história de seu país, acumulando frases célebres como "Existem apenas dois Cristos: um joga no Barcelona, o outro está no paraíso" (em referência ao fato de Cristo na Bulgária se pronunciar da mesma maneira que Hristo) e "Se o Brasil teve Pelé, a Bulgária tem Stoichkov". Detentor de uma perna esquerda tão espetacular que só seria vista novamente com o nascimento de Messi para o futebol, Stoichkov era praticamente imparável: explosão (física e temperamental), dribles curtos e posicionamento perfeito, tudo isso aliado a uma velocidade descomunal. Hristo era imparável.

Hristo dando um pisão no árbitro que o expulsou

Stoichkov brigando com Hierro, do Real Madrid. Cena comum.

     Foi contratado pelo Barcelona junto ao CSKA Sofia, clube onde foi revelado, em 1990, mudando a partir daí sua própria história e a do clube catalão. Na época, o Real Madrid era o atual pentacampeão (5 títulos seguidos) em La Liga, uma hegemonia que só seria quebrada com a chegada do búlgaro ao time. Pra falar a verdade, não é que ele tenha sido tão decisivo assim nos confrontos diretos - ele pisou no árbitro em seu primeiro El Clásico e foi suspenso por alguns meses, inclusive -, mas quando ele jogava, fazia a diferença. Conquistaria não apenas aquele campeonato mas também o bi no ano seguinte e nos próximos 2 outros anos (1990-1994), reestabelecendo a hegemonia do 'Dream Team' em La Liga. Stoichkov também ajudou na conquista do então mais importante título da história do clube: a Champions League em 1992, quando bateram a Sampdoria na final por 1-0, gol de Ronald Koeman.



Aquele time que já era espetacular em 1992 - na escalação da final contra a Samp tinha, além de Stoichkov, Laudrup, Guardiola, Zubizarreta e Koeman - se tornaria ainda mais forte com a chegada de Romário na temporada 1993-94. Stoichkov, seja por ego ou pelo fato de que as regras da época só permitiam 3 estrangeiros no time e a equipe já tinha ele, Koeman e Laudrup ocupando essas vagas, o que forçaria um rodízio entre algum deles, não gostou muito da chegada do brasileiro no começo. No começo. Com o passar do tempo, Stoichkov e Romário editaram o que se tornaria até hoje uma das melhores duplas de ataque da história do Barcelona, algo comparável apenas ao que Messi e Neymar podem vir a se tornar. A amizade entre ambos também se tornou tão forte que suas famílias faziam tudo juntas, algo que Stoichkov confessou com emoção em uma entrevista para um canal brasileiro em 2009. Pena que durou tão pouco: com a chegada em mais uma final de Champions League, dessa vez em 1994, o Barcelona teve a oportunidade de consagrar a então melhor geração de todos os tempos do clube. O adversário era o Milan de Paolo Maldini. O resultado todos nós já sabemos...


     A partir daí, a parceria entre Stoichkov e Romário começou a ruir, assim como sua carreira. Irritado com Stoichkov e com os outros companheiros de time por suas intromissões em sua vida pessoal, Romário deixaria o clube naquela temporada. Stoichkov, que continuava o mesmo jogador de temperamento difícil, seria expulso do time por Johann Cruyff após declarar a uma rádio espanhola que era "Cruyff ou ele". Cruyff não se importava com o fato de Hristo ter conquistado o Ballon d'Or e ser considerado o melhor jogador do mundo em 1994. Uma das maiores duplas de ataque da história do Barcelona, apesar de tão pouco tempo juntos, acabava aí. Stoichkov ainda voltaria ao Barcelona em 1996, quando Cruyff deixara o clube, mas já não era mais o mesmo. Agora as referências no ataque do Barça eram Ronaldo (em 1996/97) e Rivaldo (em 1997/98). Stoichkov deixaria de novo o clube em 1998, dessa vez definitivamente. Seu legado histórico, contudo, será eterno.

Ficha Técnica pelo Barcelona

     • Tempo de clube: 1990-95 e 1996-98
     • Aparições (e gols): 151 (76) na primeira passagem, média de 0,5 gols/jogo; 24 (7) na segunda passagem, média de 0,29 gols/jogo

     • Títulos individuais:

- Onze d'Or (1992)
- Ballon d'Or (1994)
- Chuteira de Ouro (1994)
- Maior artilheiro do ano pela IFFHS (1994)
- XI de gala da Copa ou All-Star Team (1994)

     • Títulos coletivos:

   Europa

- 1 Champions League (1991-92) e um vice-campeonato da Champions League (1993-94)
- 2 Super Copas da Europa (1992 e 1997)
- 1 Recopa Europeia (1996-97)

   Espanha

- 5 Ligas (1990-91, 1991-92, 1992-93, 1993-94 e 1997-98)
- 3 Super Copas Espanholas (1992, 1994, 1996)
- 1 Copa do Rei (1996-97)

Homenagens Oficiais



domingo, 29 de setembro de 2013

Os mais promissores de La Masia

Os mais promissores de La Masia

 
     Atenção: esse texto é apenas uma tradução de um texto do Total Barça, produzido originalmente pelo companheiro Young Cules. O texto original, na íntegra e em inglês você encontra aqui. Créditos totais a ele!
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     Nesse artigo discutirei os 15 jogadores jovens mais promissores das categorias de base do Barcelona entre as idades de 11 e 18 anos, falando um pouco sobre seus estilos de jogo, forças, fraquezas, história e outras coisas. Vale a pena ressaltar que nenhum jogador do Barcelona B foi considerado nesse artigo por tecnicamente não contarem como 'jovens'. Também é importante ressaltar que qualquer comparação feita com jogadores famosos é meramente ilustrativa e não são comparações de potencial, apenas com intuito de mostrar com quem eles se parecem como jogadores. Eu poderia citar pelo menos mais 15 jogadores que facilmente poderiam estar nessa lista, mas o artigo teria que ter um fim e 15 já está bom. Pode ser que eu faça uma parte 2 para esse artigo um dia, quem sabe? Aos jogadores.


Wilfred Kaptoum
Wilfred Kaptoum
Wilfred Kaptoum: Quando Tata Martino chegou como técnico do Barcelona, dizem que o primeiro nome pelo qual ele perguntou foi o de Wilfred Kaptoum. Muitos no clube se surpreenderam, mas aqueles que acompanham Kaptoum nas categorias de base do Barcelona durante esses anos não ficaram nada surpresos. Kaptoum é um meio-campista com um toque de classe. Ele começou sua carreira como meio-campista ofensivo, mas agora joga em uma função semelhante a Busquets, um volante com saída de bola. Taticamente inteligente e com grandes habilidades de um '6', boa distribuição de bola e um toque de bola raro. Kaptoum é um dos dois jogadores no clube que se parecem com Thiago Alcântara (o outro é Ayoub), capazes de chegar ao time principal.


Munir el Haddadi: É a estrela dessa temporada no Juvenil A do Barcelona (time sub-19). Munir é um atacante canhoto capaz de desempenhar o papel de '9' ou mesmo jogar aberto pelas alas. Foi o artilheiro do Juvenil B na última temporada com 23 gols, onde jogou frequentemente pela ala direita, cortando para o centro e finalizando com bolas curvadas de pé esquerdo ao melhor estilo Robben. Em estilo de jogo, ele se parece mais com o ala Di Maria, do Real Madrid. É um dos 4 marroquinos talentosos em La Masia hoje, junto com Moha, Ayoub e Imad.
'Rodri', captaining the Spain U17 side in 2012
‘Rodri’, capitão da Espanha sub-17 em 2012
Rodrigo Tarin: 'Rodri' é um dos maiores destaques entre os zagueiros espanhóis na sua idade e o defensor com mais chances de chegar ao time principal do Barcelona. Ele chegou à La Masia em 2011 e imediatamente se estabilizou como uma estrela no Cadet A da geração de 1996. Essa temporada ele jogará ao lado de Munir e Kaptoum, no Juvenil A. Destemido nos desarmes, ótimo nas bolas aéreas e com boa saída de bola, Rodri lembra um pouco Sergio Ramos jogando. Jogando ao lado de Jose Suarez (goleiro), Godswill/Campins (laterais-direito), Juanma (lateral-esquerdo) e Quintilla/Fran (zagueiros), Rodri certamente formará uma das melhores defesas da história do Juvenil A.





Ayoub Abou: A geração de 98 de La Masia conta com 3 jogadores muito especiais: Lee, Aleña e Ayoub. Nascido em Marrocos, Ayoub se mudou para Barcelona com apenas 9 anos para viver com seu irmão, Latif. Ayoub é um meio-campista com o perfil de Iniesta/Zidane, capaz de fazer coisas muito, muito especiais com a bola colada em seus pés. Mesmo muito jovem, sua superioridade técnica perto dos adversários de mesma idade fez com que a comissão técnica fosse forçada a utilizá-lo em categorias com jogadores até 2 anos mais velhos que ele, por isso jogará no Juvenil B nessa temporada. Não dá para prever o futuro, mas nunca vi um jogador de 15 anos que jogasse com tanta elegância quanto Ayoub. É um jogador dos sonhos.

Ayoub at 12 years ageAyoub Abou Oulam, um mago de Casablanca
Carles Aleña: Minha escolha pessoal para melhor meio-campista da temporada 2012/13. Aleña é um dos 3 jogadores mais especiais da geração 98. Um meio-campista ofensivo nos moldes de Cesc Fábregas, com um pé-esquerdo capaz de coisas mágicas. A primeira vez que vi Aleña jogar foi há 4 anos atrás, no Benjamin A, com 11 anos, e mesmo com essa pouca idade já se percebia que ele se destacava entre os outros jogadores. Com um crescimento físico absurdo em 2012, Aleña tem agora também ao seu lado o privilégio de um físico similar ao de Ayoub. A tranquilidade e fluidez com que ele move a bola é encontrada em poucos jogadores profissionais, muito menos em outros de sua idade. Sempre buscando jogadas com seus companheiros de equipe, Aleña tem um toque refinado e até capacidade de invadir a área adversária para marcar seus gols. Ele jogará pelo Cadet A nessa temporada, mas treinou com o Juvenil B na pré-temporada, tamanha sua qualidade.

Lee Seung Woo: Possivelmente a maior promessa nas categorias de base na atualidade, junto com Ayoub. Como o jornalista Jaume Marcet da Barça TV uma vez descreveu, ele é um "atacante com alma de meio-campista". Lee é um talento único. Suas habilidades para passar pelos defensores com facilidade, arrumar ângulos para finalização e armar jogadas para seus companheiros fazem dele o líder da geração de 98. É comum vê-lo jogando mais recuado durante os jogos, armando jogadas junto de seus companheiros e carregando a bola ao ataque com seus excepcionais dribles e controle de bola, uma habilidade tão única que lembra até o estilo de jogo de Lionel Messi. Vê-lo jogar ao lado de Aleña é um prazer indescritível. Em Março desse ano, Lee e alguns outros estrangeiros foram injustamente banidos pela Fifa de participar de competições oficiais pelo clube após reclamações de um "clube anônimo", alegando que as regras da Fifa proíbem clubes de assinar com jogadores estrangeiros abaixo de 18 anos. O Barcelona alega que foi a federação Coreana que ofereceu Lee, Paik e Jang ao clube, os 3 coreanos das categorias de base. A situação ainda precisa ser resolvida, mas esses jogadores continuarão a treinar com o clube e participar de torneios amistosos com o time.
Lee
Seung Woo Lee celebrando (mais) um gol
Oriol Busquets: Oficialmente um volante, mas igualmente capaz de desempenhar as funções de meio-campista e zagueiro. Oriol é, com apenas 14 anos, um tanque. Dotado de físico privilegiado, técnica e liderança, ele é capaz também de finalizar a longas distâncias. Sua superioridade técnica no Infantil A foi suficiente para convencer a comissão técnica a promovê-lo dois níveis acima de sua categoria original, jogando agora no Cadet A, pulando inclusive a categoria Cadet B. Não, ele não é parente do Sergio Busquets ou do Oriol Romeu.
Alex Collado with his MVP award at MIC 2013
Alex Collado. MVP do Infatil A
Alex Collado: Tecnicamente fantástico, Alex é um jogador de bola que depende muito de sua brilhante técnica para superar situações difíceis, muito parecido com o ex-Valencia David Silva. Igualmente capaz de marcar gols como meio-campista ofensivo ou como ala e tendo um pé-esquerdo especial, as comparações com David Silva são inevitáveis. Ele ganhou o prêmio de MVP pelas suas excelentes atuações com o Infantil A em um torneio internacional. Precisa trabalhar o lado físico de seu jogo, mas ninguém pode discutir sua qualidade técnica. Vale a pena assistir o gol dele (é o 1º que aparece) nesse vídeo para ter uma ideia de seu estilo de jogo: http://www.youtube.com/watch?v=76AbYV2jREw



Arnau Comas: Assim como Oriol Busquets é o líder da geração 99, Arnau é o meio-campista líder da geração 2000. Também como Oriol, Arnau é essencialmente um volante que pode se adaptar à função de meio-campista ou zagueiro. Quanto ao estilo de jogo, eles se parecem muito. Ambos igualmente altos, mas Arnau é um pouco mais forte e loiro, enquanto Oriol é ruivo. Não em estilo de jogo, mas a aparência de Arnau lembra Ronald Koeman.

Abel Ruiz Ortega: É o Ibrahimovic de La Masia. Abel é um '9' capaz de deixar o público em absoluto êxtase. Vindo do Valencia quando tinha apenas 12 anos, Abel imediatamente se estabeleceu como um dos melhores atacantes da academia. Possui um repertório infinito de dribles e movimentos, com um pé direito letal. Sua força física permite que ele ganhe divididas com até 3 zagueiros sem dificuldade, criando jogadas para seus companheiros.
Abel and Lee enjoying a day out in Barcelona
Abel e Lee, os dois atacantes astros de La Masia
Enric Martinez: A quantidade de meio-campistas talentosos em La Masia é enorme e Enric é um dos que mais se destaca nessa posição. Ele joga no mesmo grupo etário de Arnau e Abel, tendo vindo do Valencia junto com o último. Baseando seu jogo no estilo controle pela posse de bola, Enric é um verdadeiro jogador para a equipe, muito parecido com Xavi em seu estilo de jogo. Foi eleito MVP no prestigiado Torneo de Arousa ano passado, quando brilhou frente aos olhos de ninguém menos que Vicente del Bosque, que também votou nele.

Takefusa Kubo: A estrela maior entre os vários "craques" da geração 2001, Kubo na última temporada fez parte do time que muitos (e me incluo nisso) consideram como o melhor Alevin A da história.  'Take' chegou à La Masia através da academia de futebol do Barcelona em Fukuoka, Japão, e hoje é uma das maiores promessas de sua idade. O que ele não tem em força física, ele compensa em habilidade e movimentação com a bola em curtos espaços. Apesar de frequentemente ter problemas com oponentes mais fortes, um surto de crescimento que em breve virá (com crianças asiáticas leva mais tempo) certamente resolverá esse pequeno problema. Ele foi o artilheiro de todas as categorias de base do Barcelona na última temporada, com 79 gols.
"Take" and "Ansu"
“Take” e “Ansu”
Anssumane Fati: Se Take é Yin, Fati é Yang. Apesar de ser um meio-campista ofensivo, muitos o confundem como um atacante por suas características. Ele completa Take perfeitamente em campo, tendo um físico um pouco mais arrojado que seu companheiro. E o repertório do garoto nascido na República da Guiné não acaba aí - longe disso. Ele possui uma visão de jogo fantástica e um técnica capaz de produzir lances de absoluta genialidade. Ele foi recentemente o artilheiro do Torneo de Arousa, um dos torneios mais prestigiosos entre as categorias de base da Espanha. Detalhe: ele era 1 ano mais jovem que a maioria dos rivais.

Adrià Bernabé: Como se o "melhor Alevin A da história" já não fosse forte o bastante, o clube decidiu ir atrás do melhor meio-campista espanhol da geração 2001 e assinou com o garoto Adrià Bernabé, vindo do Espanyol. Escolhido como MVP de quase todos os torneios que disputou na temporada passada, Bernabé vai complementar um time que já tem Ansu, Take e Altimira no ataque, adicionando mais qualidade e visão de jogo no meio-campo. Uma das melhores contratações da temporada em La Masia.
Eric Garcia: Outra promessa da famosa geração 2001 de La Masia. Diferentemente de Take, Ansu e Bernabé, Eric é um zagueiro. Ele é o líder da defesa nessa geração, sendo o melhor zagueiro espanhol em sua idade. Ele é o jogador mais alto do time, com uma qualidade de toque de bola impressionante, além de antecipações e desarmes perfeitos. Erik tem tudo para se tornar um jogador de nível top mundial. A verdade é que a qualidade da geração 2001 de La Masia só pode ser entendida quando você nota que deixei de mencionar nomes como Adria Altimira, Nico, Nil, Arnau, Marco, Amor, Ivan e Mortimer. Todos esses são jogadores fantásticos em seu grupo etário na Espanha. Uma geração verdadeiramente única.
The historic generation of 2001
A geração histórica de 2001
Agradecimentos especiais a Alex Collado, jogador que conseguiu essa foto de toda a famosa "geração 2001" reunida.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Gerardo 'Tata' Martino

Gerardo 'Tata' Martino


     Antes de tudo, o motivo para o Barcelona precisar de um novo técnico é longe de ser algo bom ou feliz. A doença de Tito, não importa qual consequência traga, jamais pode ser comemorada. 20/07/2013 será sempre lembrado como um dia triste na história do barcelonismo: o dia em que Tito, melhor técnico estreante e o de melhor aproveitamento em pontos de toda história de La Liga, sofre mais uma recaída em seu tratamento de câncer e decide afastar-se do cargo de treinador para lutar pela sua vida. É injusto, mas é a vida. Tua luta é nossa força, Tito. Estamos contigo.

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     Gerardo Martino, ou apenas Tata Martino, é o novo técnico do Barcelona. Uma contratação pela qual talvez poucas pessoas esperassem, considerando que ele é um técnico muito mais conhecido pelo público do campeonato argentino e da Libertadores do que pelo público europeu. Luis Enrique, o outro forte candidato ao cargo deixado por Tito, era apontado como o favorito a assumir o cargo, mas a diretoria resolveu inovar em sua escolha na tentativa de revolucionar um time que parece um pouco desgastado com o tempo. Soluções táticas e estratégicas se faziam necessárias e Tata pode ser o homem para resolver isso.
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Bielsista, sim. Insano, não.


O Jogador

     Tata Martino é o maior jogador da história do Newell's Old Boys, tendo vestido 505 vezes a camisa do clube - o recordista nesse quesito. Ele é mais um da vasta geração de bielsistas que se formou após a revolução na maneira de se pensar futebol promovida pelo argentino. Martino inclusive foi treinado pelo próprio Bielsa durante o período de 3 anos (1990-92) em que El Loco, até hoje maior técnico da história do clube, levou os leprosos a conquista de 1 Torneo Apertura, 1 Torneo Clausura e alcançar a final da Libertadores de 1992, quando foi derrotado pelo São Paulo de Raí e Telê Santana.
     Durante esse curto período - ainda que gigante para os torcedores do Newell's, que consideram essa a melhor época da história do clube - em que Martino era comandando por Bielsa, o camisa 8 era o jogador preferido de El Loco em campo - e não apenas por sua técnica. Martino era quem passava as ordens de Bielsa aos jogadores em campo, quem colocava em prática as estratégias exigidas pelo treinador e comandava os companheiros. Um líder em campo. Pode-se dizer que Martino era para Bielsa o que Xavi foi para Guardiola durante seu período como treinador do clube catalão.
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O Treinador

     Como treinador, no entanto, Martino não é tão extremista quanto seu professor. Suas equipes não são tão insanamente ofensivas quanto as de Bielsa, tampouco suas defesas são tão desprotegidas. Suas semelhanças são filosóficas, mas não ideológicas (e aqui a diferença é sutil): digamos que ele siga os pensamentos de seu mestre como princípios, não como dogmas. Tentarei explicar.
     As semelhanças no estilo de jogo que ele impõe aos seus times são de conceitos como o da intensa marcação sob pressão, com objetivo de recuperar a bola o mais rápido possível e toque de bola inteligente, sempre buscando companheiros em melhor condição de jogo.
     As diferenças começam quanto ao uso que cada um faz da posse de bola, quando seu time a tem:
     Bielsa é muito mais ofensivo. Seus times estão sempre buscando passes verticais em direção ao gol. Posse de bola não é tão importante se não produz efeitos imediatos. O adversário deve estar sempre sob pressão. Para tanto, quase todos os jogadores do time precisam estar no campo do time adversário, o que constantemente gera contra-ataques perigosos e situações que os times bielsistas penam em combater. O ataque dos times de Bielsa costuma ser arrasador, mas as defesas são frágeis.
     Martino é muito mais pragmático que seu mestre, no sentido positivo da palavra. Suas defesas são mais consistentes, seus times não são tão voltados ao ataque - ainda que sejam essencialmente ofensivos - e ele valoriza a paciência e a posse de bola defensiva, armas antigas e efetivas da filosofia barcelona-cruyffista.      É também bem mais flexível que Bielsa: no comando da seleção do Paraguai, durante a primeira fase da Copa América 2011, Tata percebeu que um dos grandes defeitos do time era levar muitos gols. Ao invés de fazer o que Bielsa provavelmente faria - fazer com que seu time marcasse ainda mais gols (mesmo que isso fizesse com que boa parte dos jogos acabassem 3-2, 5-4, etc.) -, Martino preferiu acrescentar estabilidade defensiva à seleção paraguaia e isso rendeu frutos: uma final de Copa América contra o Uruguai, quando o já desgastado sistema defensivo paraguaio não suportou o fortíssimo ataque de Cavani, Suárez e Forlán.

     Tata Martino é um treinador que não exporta suas características em sua plenitude para os times que comanda. Faz mais do que isso: ele as adapta às necessidades do time, melhorando-as. É um treinador para quem os resultados não são mais importantes que a manutenção do estilo de jogo, mas com a noção de que um estilo de jogo só é útil se produz resultados.

     Martino é um bielsista, mas não representa a continuidade do estilo de Bielsa. Martino gosta da posse de bola e da paciência, como o Barcelona. Bielsa, não. Até por isso, para o Barcelona o ideal é Tata.
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Currículo

     Não sou do tipo que acredita que o currículo de um treinador seja determinante para definir sua capacidade como comandante. Quantos títulos Pep Guardiola tinha antes de inovar todo um jeito de se pensar o futebol e se tornar o técnico mais vitorioso da história do Barcelona? E José Mourinho, técnico tão vitorioso, promoveu qual mudança profunda nas equipes em que passou? Porto, Inter e mesmo Real Madrid até hoje não têm uma filosofia de jogo própria, uma identidade. Mourinho apenas passou por eles e ganhou títulos.
     De qualquer forma, é um exercício interessante de se fazer. A carreira de Martino como técnico se deu exclusivamente em solo sul-americano - o que alguns classificarão como uma desvantagem, já que ainda não conheceria como funciona o futebol europeu. Mesmo em clubes notavelmente escassos em material humano de qualidade, Martino conseguiu dar consistência e estilo de jogo, marcando época em cada um.
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 Conquistas de Tata Martino

   • Libertad (2002-03, 2005-06): 3 campeonatos paraguaios (2002, 2003, 2006), semi-final de Libertadores (0-2 vs Internacional).

   Cerro Porteño (2003-04): 1 campeonato paraguaio (2004).

   Newell's Old Boys (2012-13): 1 Torneo Final (2013), semi-final de Libertadores (2-2 vs Atlético-MG*).

   Seleção do Paraguai (2006-2011): quartas-de-final de Copa do Mundo (0-1 vs Espanha, com pênalti perdido pelo atacante paraguaio Óscar Cardozo), final da Copa América (0-3 Uruguai).

     Longe de ser um currículo vistoso pros padrões de grandes clubes europeus. Mas futebol não é só currículos: em uma análise mais profunda de cada um de seus trabalhos nesses clubes, é fácil constatar que Martino marcou diferença em cada time que comandou, fazendo trabalhos acima da média. Considerando apenas equipes paraguaias, Martino teve um aproveitamento de 68% em torneios domésticos e 55% em torneios internacionais, apenas não conseguindo conquistar um título internacional.
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     No Libertad, primeiro clube em que marcou história como técnico, Martino conseguiu um feito épico: conquistou o campeonato nacional de 2002, primeiro título da liga nacional do Libertad desde 1976, quebrando um jejum histórico de 26 anos sem títulos e um domínio gritante do gigante paraguaio Olimpia, El Rey de Copas. O bi-campeonato seria conquistado no ano seguinte, com uma nova supremacia nascendo no Paraguai.
     Na semi-final da Libertadores de 2006, no retorno de Tata ao comando do Libertad após passagens por Cerro Porteño e Colón, o sonho de alcançar a final só foi frustrado por um 2-0 no Beira-Rio contra o Internacional de Fernandão.
     O Libertad, a partir desses feitos, passou a ser sempre campeão ou vice até o Torneo Apertura 2010, quando Guaraní e Cerro Porteño terminaram em 1º e 2º lugar, respectivamente. A supremacia estava imposta, o legado de Tata Martino seria eterno.

Inter 2x0 Libertad, semi-final da Libertadores 2006

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     No Cerro Porteño sua passagem foi menos marcante que no rival Libertad, mas não menos vitoriosa: passou apenas 1 ano no clube de Asunción, contratado no final de 2003 para comandar o time em 2004. Conquistou os torneios Apertura e Clausura, sendo mais uma vez o treinador campeão do ano no Paraguai. Com esse título, Tata conquistava seu terceiro campeonato consecutivo (2 pelo Libertad, 1 pelo Cerro).

Cerro Porteño, de Martino, campeão no Paraguai em 2004

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     Ao final de 2006, credenciado pelas várias conquistas em território paraguaio, Tata era apontado como novo treinador da seleção paraguaia de futebol. Dirigiria o Paraguai de 2007 até 2011 - curiosamente, o mesmo período em que Marcelo Bielsa permaneceu a frente da seleção do Chile.
     Na seleção paraguaia, Martino alcançou o ápice de sua fama com campanhas espetaculares na Copa do Mundo 2010 e na Copa América 2011. Resultados expressivos com uma seleção enfraquecida, que recentemente perdia seu principal atacante, Cabañas, e precisava se reinventar.
     Em uma eliminatória para a Copa do Mundo de 2010, Tata já mostrava que seu trabalho era sério: 3º lugar e 33 pontos em 18 jogos disputados, apenas 1 ponto abaixo do líder Brasil e empatado com o 2º colocado, o Chile de seu professor Bielsa.
     Já na Copa do Mundo da África do Sul, o Paraguai fez campanha honrosa: 1º colocada em um grupo com Eslováquia (2-0), Nova Zelândia (0-0) e Itália (1-1). Nas oitavas-de-final, o Paraguai já mostrava sua maior virtude: a defesa. Um 0-0 contra o Japão e um 5-3 nos pênaltis o colocou nas quartas-de-final, onde enfrentaria a futura campeã Espanha. Não fosse o pênalti desperdiçado por Óscar Cardozo, em defesa de Casillas, talvez o Paraguai até eliminasse a badalada seleção espanhola. Mas chegar até aí já foi um feito.
     Na Copa América 2011, o Paraguai fez mais uma honrosa campanha: classificou-se no grupo de Brasil, Venezuela e Equador com um 3º lugar, avançando até as quartas-de-final onde encontraria novamente a seleção brasileira, dessa vez para eliminá-la: 0-0, com 2-0 nos pênaltis. Em outro 0-0, o Paraguai passava pela Venezuela nas semi-finais com 5-3 nos pênaltis e chegava até a final, onde jogaria contra o Uruguai. Já desgastada pelo ritmo intenso de jogo de Martino, a seleção não aguentou a pressão do forte ataque uruguaio de Suárez, Forlán e Cavani e levou um 3-0. Vice-campeão não deixa de ser uma ótima campanha.

Paraguai 0-0 Brasil (2-0 nos pênaltis)

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     No fim de 2011, após se tornar o treinador com mais jogos pela seleção paraguaia, Martino se juntava ao Newell's Old Boys, clube que sempre amou e onde foi ídolo como jogador.
     A situação não era nada simples: o Newell's fazia campanhas fracas já há alguns campeonatos (18º e 19º nos últimos campeonatos argentinos) e estava ameaçado de rebaixamento pelo sistema promedio, que leva em conta não apenas a campanha na atual temporada mas nos últimos 5 campeonatos (lembrando que na Argentina se realizam 2 campeonatos por ano: Apertura e Clausura, atualmente Torneo Inicial e Final). Ele precisava não só tirar o clube da situação difícil, precisava também recuperar o orgulho do torcedor leproso - apelido dos torcedores do Newell's.
     Para cumprir essa árdua missão, Tata e a diretoria do Newell's buscaram no mercado de fora da Argentina trazer ídolos com história no Newell's: Maxi Rodriguez, até então jogador do Liverpool e que se esforçou ao máximo para jogar no seu time de coração; Heinze, zagueiro de passagens por grandes clubes europeus como Real Madrid, United e Roma; e Scocco, que estava esquecido no Al Ain, dos Emirados Árabes.
     O resultado foi imediato: com um elenco mais qualificado e algum tempo de trabalho, Martino quase conquistou o Torneo Inicial 2012 (quando foi vice para o Vélez) e conquistou o Torneo Final do mesmo ano, 3 pontos a frente do 2º colocado River Plate. Um ano perfeito, não fosse o fato de terem perdido a final entre os campeões de 1º e 2º turno contra o Vélez por 1-0, quando o time já estava absolutamente desgastado física e mentalmente, e a semi-final da Libertadores nos pênaltis para o Atlético-MG.

Newell's 2-0 Atlético-MG
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A Escolha

     A campanha espetacular pelo Newell's Old Boys foi provavelmente o que habilitou Martino a ser possível novo técnico do Barcelona. Um time sul-americano que apresentava o que há de mais moderno no futebol mundial como conceitos de marcação pressão, verticalidade e transição rápida entre setores era algo que impressionava os catalães. Zubizarreta, que é amigo de Bielsa e é fã do estilo Cruyff, viu em Tata o homem que poderia ser o catalisador da evolução tática que o Barcelona precisa e o procurou. Segundo a imprensa argentina, Tata inclusive teria recusado propostas do Real Madrid pois preferia o Barcelona.

     A outra opção, Luis Enrique, era a opção "segura" e inclusive minha aposta de que seria o próximo treinador do Barcelona. Conhecedor do clube como poucos, Luis Enrique foi jogador e treinador do Barcelona B por um bom tempo. Trabalhou com garotos como Thiago, Bartra, Tello, etc. e já estaria adaptado a rotina do Barcelona, conhecendo como funciona o vestiário e sabendo lidar com egos. Mas o que levou o Bareclona a preferir um estrangeiro? Um ponto de vista de fora, acredito.

     A filosofia barcelonista não mudará porque um técnico de fora chegou. Pelo contrário: Martino tem exatamente o perfil do Barcelona, mas com mais experiência no futebol sul-americano e conhecimento tático maior do que seu antecessor, Tito Vilanova. A vantagem que Tata carrega consigo é de ser conhecido como um estrategista, um homem que conhece o lado tático do futebol e também sabe lidar com as categorias de base - essa última parte, pelo menos, segundo quem acompanha seus trabalhos mais a fundo.

Já não basta ao Barcelona apenas se apegar a própria filosofia e esperar que tudo dê certo. É necessário evoluir, a partir do próprio estilo, para algo maior, melhor, mais eficiente. Martino terá essa árdua missão.
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O Estrategista

     A verdade é que, fosse apenas pelo currículo, a contratação de Tata Martino faria pouco sentido para os catalães. Nenhuma experiência como técnico na Europa, para começar, não é um atrativo. Mas o argentino é mais que um homem de currículo - é um homem de ideias. Ideias como marcação pressão, posse de bola, jogo ofensivo, verticalidade e outras já conhecidas dos azul-grenás. E essas ideias atraíram o Barcelona.

(ps: na explicação desse tópico usaremos MUITO do que foi escrito AQUI. Todos os créditos ao autor)

     O Newell's é o exemplo do que há de mais moderno no futebol. Eles defendem e atacam em números, criando superioridade numérica em relação ao adversário. Enquanto a maioria dos times separa seus setores em "jogadores que defendem" e "jogadores que atacam", Martino exige que seus times ataquem e defendam em bloco, com todos auxiliando e criando opções de passe. Não é incomum ver laterais e meio-campistas no campo adversário, assim como atacantes no campo de defesa. Com essa estratégia, não é surpresa que o Newell's sob seu comando tenha sido o ataque mais efetivo da campanha do título do Torneo Final 2012-13: 40 gols marcados em 19 jogos, 9 a mais que o 2º colocado no mesmo quesito. Também sofreram apenas 6 gols nas primeiras 15 partidas da temporada, número que viria a diminuir com o passar da temporada e o crescente desgaste de um elenco limitado - explicaremos isso também.


   O gif ao lado representa como o Newell's de Martino alterava sua formação no decorrer da partida. O que inicialmente é um 4-1-4-1 se torna um 5-4-1 na defesa, com apenas Scocco no campo adversário, e um 4-3-3 variando para até um 3-4-3 quando o time está no ataque, sempre buscando criar superioridade numérica em relação ao adversário. A transição era sempre feita com precisão absoluta, raramente um jogador era encontrado fora de posição.

     É claro, Tata Martino não seria um bielsista se seus times não tivessem o conceito de marcação pressão. Ao perder a bola, o Newell's imediatamente pressionava com seus homens do meio-campo e ataque, recuperando-a e iniciando rapidamente outro ataque sempre que possível. Como pressionam em bloco, o time se encontrava diversas vezes em vantagem numérica de 5x4 jogadores ou mais.


     A imagem à direita revela outro aspecto do jogo nos times de Martino - e que foi especialmente lapidado no Newell's -, herança essencial do legado de Bielsa: a verticalidade do jogo. Ao contrário do que a maioria dos times na América do Sul faz ao rifar bolas diretamente da defesa o ataque, o conceito de verticalidade consiste em fazer com que a bola chegue rapidamente ao ataque em passes curtos e verticais - algo que o Barcelona sabe fazer, mas de forma mais pragmática (e precisa melhorar). Nessa estratégia de jogo, o passador precisa ter sempre pelo menos 3 opções de passe. No esquema ao lado, ficava claro como o desenho tático do Newell's se alterava durante os jogos, sempre criando superioridade numérica e opções de passe nos diversos setores do campo. A formação tática se alterava automaticamente do esquema inicial para um 3-4-3 ou 5-4-1, dependendo da necessidade do time, como já explicado anteriormente. A ideia é criar vários "diamantes" nos setores do campo, para os jogadores terem opções de passe - ideia originalmente atribuída a Cruyff.

     Nesse e em outros aspectos do futebol moderno de Tata Martino, a diretoria do Barcelona viu uma chance de evoluir da filosofia já típica do clube para algo mais moderno - o que não quer dizer que a atual seja ruim, apenas que precisa de ajustes. A maioria desses conceitos já são comuns ao Barcelona, mas desde que Pep deixou o clube, pouco se fez no sentido de evoluir o sistema de forma a combater os avanços táticos da modernidade.
     A última grande partida tática que o time fez foi naquele 3-1 contra o Real Madrid no Bernabéu em 2011, quando o time de Pep simplesmente dominou o jogo inteiro, destruindo a estratégia do Real Madrid de Mourinho - que alias, foi praticamente a mesma na temporada 2012-13. As variações daquele time que variava naturalmente do 4-3-3 tradicional para um 3-4-3, com Daniel Alves aberto pela direita, até um 3-3-3-1, com Alexis fazendo o papel do atacante que segurava os zagueiros adversários, criando espaço para Messi. Era um esquema que mudava e se adaptava a cada situação nova encontrada.

     Na última temporada, Tito assumiu uma postura muito mais ortodoxa, tomando algumas ideias do Barcelona como dogmas. O esquema, por exemplo, se tornou um 4-3-3 fixo, apenas em raros momentos alternando para um 3-4-3 e as vezes até um 2-5-3, no desespero da situação e com 2 laterais ultra-ofensivos, como no jogo de volta da Champions League contra o Milan, no Camp Nou. É verdade que a doença de Abidal contribuiu significativamente para essa estagnação tática na equipe - afinal, ele era um jogador essencial no esquema vitorioso de Pep -, mas pouco (ou nenhum) esforço foi feito para achar um substituto com as mesmas características do francês ou adaptar o time à sua ausência. E o time pagou por isso. Pagou mais caro do que pagaria em um substituto, tivessem procurado algum. Bayern, Real Madrid e PSG demonstraram a fragilidade do time, conseguindo chegar rapidamente à defesa do Barcelona e dificultando a transição defesa-ataque do time blaugrana. O sofrimento na temporada contra times maiores era notável.

     Martino é o homem em quem confiam para recuperar a capacidade estratégica e tática do time, uma vez que a capacidade técnica jamais se perdeu, apenas esteve sendo desperdiçada. Que a diretoria colabore com os projetos de Tata e que o treinador seja visionário o suficiente para localizar esses problemas e resolvê-los. Do contrário, essa geração espetacular de Messi, Iniesta, Xavi e Neymar será prejudicada.
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     Então, curtiu o post? Mande seus comentários, críticas e opiniões na caixa de comentários abaixo ou em reply no meu twitter. Agradecimentos especiais aos posts e mentores de quem tirei inspiração (e boa parte da informação) contida nesse texto. Se quiser saber mais sobre Tata, recomendo ler os seguintes artigos:

1) Like a Leprah Messiah
2) Who exactly is new Barcelona manager Gerardo Martino?
3) Barcelona coach Gerardo Martino's ideology shaped by Old Boys' network
4) Martino will maintain Barça traditions
5) E, é claro, os sempre inspiradores twitters de Migeru e Euleri. Um must-follow para todo fã do Barça.

Obrigado pelo feedback!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Janela de Transferências 2013-14: Barcelona

Janela de Transferências 2013-14

Neymar já chegou. Virão mais?

     Neymar é do Barcelona! Finalmente, porque ninguém mais aguentava todo dia o Mundo Deportivo e o Sport com Neymar na capa - não que isso tenha mudado muito -, mas estamos felizes de ter alguém com quem Messi possa dividir a responsabilidade.
     Só que apenas Neymar não basta, né? Há 2 temporadas o Barcelona dá sinais de que precisa de peças fundamentais que a diretoria faz questão de ignorar, então essa janela de transferências pode ser decisiva para duas coisas: 1) sacramentar o Barcelona como candidato forte ao título da Champions League de novo ou 2) aniquilar qualquer chance de título na temporada. Tudo dependerá do que a diretoria fizer.
     Separei algumas especulações mais fortes que os torcedores do Barcelona vêm ouvindo recentemente e não sabem se podem ou não se concretizar. Com a humildade de quem se considera um especialista de mercado (acerto em 90% dos casos), estou aqui para esclarecer algumas dúvidas sobre nomes especulados no Barcelona e outros que poderão sair do Barcelona. Let's get it started!

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Contratações

     Neymar não deve - e nem pode - ser a única contratação dessa janela de transferências. O time tem necessidades urgentes que vêm sendo ignoradas há 2 temporadas já, tempo em que poderíamos ter conquistado pelo menos 1 Champions League a mais se a diretoria fosse mais competente. Mas dessa vez é quase certeza: um zagueiro virá. Infelizmente, deve ser só isso mesmo, se ninguém importante sair. Separaremos aqui os nomes especulados em posição e possibilidade de vinda: certamente, provavelmentedificilmentenão sairá. Como o Barcelona nunca contrata ninguém por empréstimo, fica claro que todas essas contratações seriam em definitivo


Zagueiros (certamente virá alguém, só não sabemos quem ainda):


• Thiago Silva: dificilmente.

     A diretoria nem esconde que esse é o zagueiro preferido de todos. Tito teria dito que é ele ou mais ninguém (espero que não tenha dito isso LITERALMENTE, senão teremos um problema). O próprio Thiago Silva já disse algumas vezes que sonha em jogar no Barcelona e que quase foi na temporada passada, mas o PSG foi mais competente do que a diretoria do Barcelona (poucos não são). O problema é: pode todo mundo querer, mas se o PSG não quiser, ele não sai. E o PSG não quer vender. A não ser que o Thiago Silva, seu agente e mais um batalhão arrume um jeito de convencer todo o PSG de que é melhor vendê-lo, ele não sairá.
     Minha opinião? Melhor desistir e buscar outro zagueiro enquanto há tempo. Já vimos essa novela e sabemos como acaba: com um substituto ruim só para quebrar um galho (Song). Minha aposta pessimista esse ano é: contrataremos o Vermaelen, que nem no Arsenal consegue ser titular, por €15M na última semana da janela de transferências, por perder tempo tentando contratar o Thiago Silva.


David Luiz: em algum lugar entre dificilmente provavelmente.

     Provavelmente apenas porque Mourinho parece já saber das deficiências defensivas de David Luiz, o zagueiro que queria ser atacante. Segundo jornais, Mourinho aceitaria vender D. Luiz para trazer zagueiros melhores, que se encaixem em seu estilo de jogo. Felizmente, segundo jornais, o Barça não pensa em D. Luiz como opção para Thiago Silva. E faz bem: seria como comprar um Celta porque não consegue comprar o Audi.
     Alguns diriam que ele tem boa saída de bola e sua velocidade faz dele parecido com o Puyol. Eu rebato: de parecido com Puyol, só o cabelo. Seu senso de posicionamento e recomposição são péssimos, teria que evoluir muito esses dois aspectos para ser um zagueiro confiável especialmente no Barcelona, que joga com as linhas tão avançadas e os zagueiros precisam ser perfeitos. Sob o comando de Guardiola eu acreditaria na evolução. Com Tito, não sei. Só o tempo dirá a qualidade de nosso atual técnico.


• Hummels: dificilmente.

     Hummels era um de meus preferidos, talvez até mais que Thiago Silva. Não, não é tão talentoso quanto o brasileiro, mas o custo-benefício do alemão seria bem melhor: mais jovem e com menor tendência à lesões. Infelizmente, segundo os jornais, Tito não pensa a mesma coisa. O treinador culé não teria gostado do perfil do defensor, entendendo que um zagueiro no Barcelona precisa ser mais rápido do que ele é. De fato, Hummels não é nenhuma Lamborghini, mas seu senso de posicionamento e recomposição são fantásticos. Muito mais vale um Hummels mais lento e preciso que um foguete David Luiz errando em tudo. Mesmo na questão velocidade, o sistema precisa evoluir como um todo. Se Tito for capaz de promover essa evolução, Hummels se encaixaria com facilidade. O Dortmund é o que há de mais moderno no futebol hoje, por que no Barcelona Hummels não se encaixaria? Seria como dizer que o Barça está obsoleto.
     Hummels chegou a dizer uma vez que alguns poucos clubes o fariam pensar em deixar o Dortmund caso demonstrassem interesse. Um deles seria o Barcelona. Como o Barcelona não demonstrou tal interesse, Hummels e Borussia Dortmund trataram de afirmar que Hummels continuará no Dortmund na próxima temporada, encerrando as especulações. Se isso é definitivo não sei, mas Hummels parece ser um homem de palavra. E a administração do Barcelona parece ter perdido outro grande jogador.


• Marquinhos: vendido ao PSG.

     Era um ótimo nome. Marquinhos tinha um skill-set ideal para o que o Barcelona precisa: rápido, razoavelmente alto e atlético, de recomposição e posicionamento bons. Mais um possível alvo do Barcelona perdido para rivais mais competentes. E o pior: para um time bancado por dinheiro do Qatar. Com patrocinadores assim, pra que inimigos?

Agger: dificilmente.

     Um cara que tatua "YNWA" (You'll never walk alone, hino da torcida do Liverpool) nos dedos não parece ser o tipo de cara que quer deixar seu clube. Ainda assim, alguns jornais insistem em especulá-lo no Barça.
     Tecnicamente, Agger não me agrada. Não é rápido, apesar de seu posicionamento ser bom. Comete erros infantis e tem um histórico de lesões invejado até por Puyol, sendo que seu valor não seria tão baixo como muitos imaginam. Não é jovem. Pagar até €25M por essas consequências todas vale a pena? Creio que não. E dificilmente acontecerá, também.




• Iñigo Martínez: dificilmente.

     Iñigo Martínez vem sendo fortemente especulado no Barcelona recentemente, mas é muito difícil que o Barcelona consiga contratá-lo. Isso porque o jovem formado nas ótimas canteras da Real Sociedad tem uma recém criada multa contratual de €35M, valor altíssimo para um jovem jogador que ainda não jogou em nível europeu e nem parece tão promissor quanto Marquinhos.
     Não é que Martínez não seja bom; pelo contrário, é bem promissor. Formou uma ótima dupla de defesa com Bartra na Eurocopa sub-21 2013, só sofrendo gols no último jogo do campeonato, a final contra a Itália. O problema é que ele ainda erra em alguns lances e sua velocidade não é das maiores, algo que é necessário que o zagueiro que reforçará o Barcelona tenha. Hoje, Iñigo não é o ideal.


Goleiros (dificilmente virá algum, já que Valdés disse que fica até 2014):

     A questão aqui é mais complicada: só virá um goleiro se Valdés for vendido nessa janela. E Valdés já disse que ficará até 2014, assim como o clube já afirmou que conta com ele até lá. Então não deve vir ninguém, já que Pinto é o goleiro "titular da reserva" e teve seu contrato renovado por mais 1 ano. Mas se alguém mudar de ideia e Valdés sair, os possíveis nomes são:



• Pepe Reina: provavelmente.
     Na verdade, é meio difícil dizer se existe interesse concreto do Barcelona em Reina. Segundo os jornais, sim, existe, e se Valdés sair ele será o substituto (e talvez seja até em 2014, quando Valdés definitivamente sairá). Mas há também um executivo do Barcelona que disse, nas palavras dele: "isso é uma grande piada. Para ter um jogador piadista no elenco já temos o Pinto". Esperamos que seja mesmo uma grande piada, porque o Reina é uma piada.
     Pelo sim e pelo não, o Liverpool já contratou Mignolet, do Sunderland, como novo goleiro para sua meta. Indícios de saída? Ou apenas competição para Reina? Creio mais na segunda opção. Veremos.



• Marc-André ter Stegen: provavelmente.
     Esse, segundo a mídia, é um dos favoritos para assumir a camisa #1 do Barcelona quando Valdés sair. Ele poderia ser contratado já agora se Valdés sair e muitos dizem que a questão não é "se", é apenas "quando" ter Stegen será o mais novo goleiro blaugrana. Há uns tempos atrás surgiu a notícia de que clube e jogador inclusive já teriam um acordo, mas os diretores do Borussia Monchengladbach negaram.
     Pessoalmente, considero ter Stegen um dos goleiros mais promissores do mundo. Acredito inclusive que será o titular da seleção alemã em alguns anos. É o goleiro que mais passes deu em todas as ligas da Europa (sim, inclusive a frente de Valdés), sendo perfeito para o estilo de jogo do Barcelona. Na comparação entre ambos na última temporada, Stegen teve média de 31 passes por jogo e 63% de passes certos. Valdés deu "apenas" 14.7 passes em média por jogo e acertou 63,6% deles.
     Ter Stegen sofre desde a saída de Dante com a defesa inconstante de sua equipe e mesmo assim consegue uma alta porcentagem de defesas por jogo. Suas maiores qualidades são: jogo com os pés, lançamentos, reflexos e defesa de chutes à distância. Seria um ótimo investimento pro futuro.



• Handanovic: não virá.
     É uma não-história. A mídia italiana inventou isso porque de fato o Handanovic é um grande goleiro e o Barcelona de fato precisava de um goleiro para quando Valdés saísse, mas a soma dessas duas coisas não torna necessariamente verdade a história.
     Fontes no Barcelona já negaram esse possível interesse, especialmente pelo salgado preço do goleiro da Inter de Milão: €30M. Por esse preço, teria de ser um Casillas jovem
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Atacantes:

     Essa também é uma questão complexa. Eu acredito que um atacante alto, com mobilidade e velocidade seria importante para a evolução do sistema de jogo do Barcelona como um todo, o Euleri e o Migeru explicam isso melhor que eu em suas timelines, apesar de eu já ter dito isso algumas vezes também.
     Muitos nomes foram especulados, de coisas interessantes (Lewandowski, Cavani) até piadas (Torres, Mario Gomez), então não vou elencar aqui cada nome que foi citado.
     É fato, no entanto, que essa diretoria não é conhecida por gostar de investir no time. Eles preferem tratar o clube como uma empresa - e não é. Investimentos em clubes geram conquistas e consequentemente geram renda; não existe gasto, apenas retorno, se o investimento for bom. A diretoria não parece entender isso.
     O ponto é: não deverá vir nenhum outro atacante além de Neymar. Neymar foi um investimento fantástico, esportivamente e pelo lado do marketing também. Ele e Messi se beneficiariam demais de um atacante móvel que ajudasse a prender os zagueiros e criasse espaço para eles. Infelizmente, esse atacante não deve vir nessa temporada. Nem na próxima, se Tito não exigir da diretoria esse reforço.
     Minha única certeza é: nessa temporada, não vira nenhum outro atacante.


Meio-campistas:

     Reforços no setor do meio-campo são uma questão situacional. Segundo os jornais espanhóis, o Barcelona só buscará um reforço caso Thiago saia (o que é provável, segundo explicarei mais abaixo). Outros jornais, no entanto, dizem que Tito tem confiança total em Sergi Roberto e outros jogadores, não achando que seja necessário a contratação de ninguém para essa posição, independente de Thiago sair.
     O principal especulado é Gundogan, estrela em ascensão do Borussia Dortmund, que teve uma temporada espetacular em 2012-13. Seria uma contratação interessante, sim, mas que provavelmente causaria a saída de alguém no clube. Song? Sergi Roberto, por empréstimo? É difícil que façam um investimento que dependa da saída de outro jogador.
     Já falei algumas vezes em meu twitter como uma mudança no esquema do time em alguns jogos poderiam beneficiar o time, seguindo mais ou menos o estilo de jogo da seleção da Argentina: um 4-2-3-1 com um atacante a frente de Messi e um duplo-pivô. Gundogan poderia se encaixar nesse sistema, na linha dos 2 jogadores. O Barcelona, no entanto, já tem uma peça que serviria perfeitamente para esse esquema também: Mascherano. Uma dupla Busquets-Mascherano seria ideal em jogos que o time precisar de presença física no meio-campo, como nos jogos contra o Milan e Bayern na temporada 2012-13. Ainda farei um post explicando melhor como funcionaria isso, mas é uma necessidade natural do time evoluir taticamente para superar as táticas rivais. Infelizmente, não sei se é algo que Tito e a diretoria vislumbram.
     O ponto é: acho que dificilmente um meio-campista será contratado. É uma posição vastamente preenchida no elenco e que só ficaria melhor com um reforço: a permanência de Thiago.

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Saídas

     Porque nem todo mundo tem condições de jogar no Barcelona. Alguns por falta de espaço, outros por falta de talento, muitos jogadores devem deixar o clube até o fim da janela de transferências. Segundo jornais, pelo menos 7 jogadores sairão por empréstimo ou em definitivo. Quem são eles? Fontàs já deixou o clube, emprestado ao Celta de Vigo, de Luis Enrique. Falarei aqui, os que possivelmente deixarão o clube, separando por nível de possibilidade: certamente, provavelmente, dificilmente, não sairá; e por tipo de negociação: empréstimo ou em definitivo.


• Bojan: JA É OFICIAL, emprestado ao Ajax.
     Bojan sairá porque tem que sair. É simples: não tem espaço no Barcelona e jogaria ainda menos que o J. dos Santos jogou em 2012-13. Tanto na Roma quanto no Milan, não deu certo: não teve sequência de jogos e não rendeu o esperado. Sairá para um time onde se beneficiará de uma Liga extremamente ofensiva e positiva para seus atacantes. Jogar na Holanda é perfeito, fez maravilhas para Jozy Altidore, o atacante norte-americano que era notavelmente ruim no Villareal e hoje é artilheiro por lá. Quem sabe Bojan não tenha sorte também?


• Villa: JÁ É OFICIAL, vendido ao Atlético de Madrid.
     Villa teve uma lesão séria durante a disputa do mundial de clubes e passou muito tempo afastado. Depois disso, nunca mais foi o grande artilheiro que antes fora no Barcelona. Sem conseguir ser titular e precisando de minutos para estar na Copa do Mundo em 2014, Villa buscará novos ares. Apesar da ridícula negociação de iniciais €2,1M e mais €3M em 3 variáveis parceladas, o Barcelona concordou em vender Villa ao Atleti. Põe na conta da diretoria.




 Thiago: JÁ É OFICIAL, vendido ao Bayern de Munique.
     Dói dizer que Thiago deixou o Barcelona. Os grandes culpados para isso são a diretoria do Barcelona, que consegue a proeza de colocar uma cláusula de €18M no melhor prospecto da base caso ele não jogue uma certa quantidade de partidas, e Tito Vilanova, que não o utilizou como deveria e fez o jogador se sentir pouco valorizado. Parece egoísmo, que Thiago não teve paciência, mas imagine-se na pele dele: você é um profissional que trabalha em um lugar que não ganha muito, tem poucas oportunidades e não se sente valorizado; uma empresa rival chega e oferece triplicar seu salário e te dar oportunidades para evoluir na carreira. Você ficaria na sua empresa por "amor"? Melhor trabalhar com um grande treinador como Pep do que esperar por algo que pode nem chegar. €25M.


• Jonathan dos Santos: provavelmente, em definitivo/empréstimo.
     Jonathan quase não jogou em 2012-13, apesar de ter merecido mais chances do que teve. A contratação de Song anulou suas possibilidades de jogar, um erro administrativo que custou sua carreira no Barcelona. Até hoje não sabemos se ele tem talento para jogar no time principal. Talvez nunca saberemos. Supostos interessados são: Anderlecht (em definitivo) e Sevilla ou Real Sociedad (empréstimo).





Afellay: provavelmente, em definitivo ou empréstimo.
     Afellay foi uma contratação fantástica pela oportunidade de mercado. Na época, foi apenas €3M por um jogador que era um ótimo prospecto na Holanda. Contudo, lesões graves e falta de sequência comprometeram sua carreira e hoje ele busca novos ares. Vários clubes parecem ter interesse, mas poucos estão fortemente interessados. Alguns são: Tottenham, Málaga e outros clubes ingleses, times alemães (em definitivo).
ps: nunca esqueceremos da sua assistência nesse jogo aqui, Afellay: http://www.youtube.com/watch?v=yhxW5cmFb7E



Valdés: dificilmente, em definitivo.
     Valdés conduziu muito mal sua saída do Barcelona (inclusive discutimos a questão ética de suas decisões em um post no blog), mas é um homem de palavra. E se ele disse que quer ficar até 2014, não existe hoje goleiro melhor que ele para suprir uma possível ausência. O valor de uma venda não seria grande (€10~15M), então melhor que ele fique e contribua. Se saísse (difícil), o destino possivelmente seria Arsenal ou Monaco (em definitivo).



• Alexis Sánchez: dificilmente, em definitivo.
     Alexis é outro que, no que dependesse da grande maioria da torcida do Barcelona, já teria sido vendido há tempos. Mas o chileno melhorou bastante no fim da temporada e mostrou que pode ser importante no time, então Tito ainda conta com ele. Diretoria e jogador já afirmaram que ele continua no clube, mas se uma oferta absurda aparecer (difícil), talvez vendam. Possíveis alvos: Juventus.


Bartra: dificilmente, empréstimo.
     Há quem diga que, se um zagueiro chegar, Bartra será emprestado para ter minutos de jogo. Quero acreditar que isso é uma enorme estupidez porque, afinal, o Barcelona é conhecido por sua vasta gama de zagueiros que quase nunca se lesionam, certo? É possível dar minutos de jogo ao garoto, mas Tito precisa ser menos conservador pra isso. Não se sabe para onde ele iria se fosse emprestado.




• Montoya: dificilmente, empréstimo.
     Surgiram boatos de que a Inter de Milão estaria fortemente interessada no lateral-direito do Barcelona em definitivo caso o jogador não tivesse chances o suficiente. O agente do jogador e o próprio jogador - mas surpreendentemente (e vergonhosamente), a diretoria não se pronunciou - disseram que o jogador permanece. Deve ficar. Merece ficar.





• Tello: dificilmente, em definitivo.
     Outro jogador com quem a diretoria não conseguiu negociar uma multa de contrato decente. Atualmente é de €10M, podendo chegar a no máximo €18M. Muito pouco para um jogador que se mostrou, no mínimo, muito útil para certas situações. Há notícias que seu contrato será renovado e ele deve ter uma cláusula mais alta, então dificilmente sairá. Ainda assim, os interessados: Liverpool e Napoli (em definitivo).





• Cesc Fábregas: não sairá.
     O jogador diz que não quer sair, o clube afirma que quer que ele continue. A soma é simples. O resto é história da imprensa para vender jornal. Fábregas ficará pelo menos mais uma temporada no clube, apesar do preconceito de muitos com sua pessoa (e não que as vezes ele não colabore com isso).

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     Esse não é um post definitivo; muitas coisas podem mudar com o passas dos dias. Algumas coisas serão acrescentadas e outras atualizadas conforme novidades surgirem. Também não são certezas, são especulações. Tenho um bom conhecimento de mercado, especialmente quando se trata do Barcelona, mas não tenho bola de cristal: nem tudo que escrevi vai acontecer. É apenas um post guia, algo para saber superficialmente o que é especulação concreta e o que é besteira dos jornais.

     Espero que tenham gostado do post, apesar de tudo. Alguma dúvida, crítica ou sugestão? Poste nos comentários abaixo ou mande uma reply para @mesqueunfanclub que ficarei feliz em responder. Obrigado!