terça-feira, 23 de julho de 2013

Gerardo 'Tata' Martino

Gerardo 'Tata' Martino


     Antes de tudo, o motivo para o Barcelona precisar de um novo técnico é longe de ser algo bom ou feliz. A doença de Tito, não importa qual consequência traga, jamais pode ser comemorada. 20/07/2013 será sempre lembrado como um dia triste na história do barcelonismo: o dia em que Tito, melhor técnico estreante e o de melhor aproveitamento em pontos de toda história de La Liga, sofre mais uma recaída em seu tratamento de câncer e decide afastar-se do cargo de treinador para lutar pela sua vida. É injusto, mas é a vida. Tua luta é nossa força, Tito. Estamos contigo.

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     Gerardo Martino, ou apenas Tata Martino, é o novo técnico do Barcelona. Uma contratação pela qual talvez poucas pessoas esperassem, considerando que ele é um técnico muito mais conhecido pelo público do campeonato argentino e da Libertadores do que pelo público europeu. Luis Enrique, o outro forte candidato ao cargo deixado por Tito, era apontado como o favorito a assumir o cargo, mas a diretoria resolveu inovar em sua escolha na tentativa de revolucionar um time que parece um pouco desgastado com o tempo. Soluções táticas e estratégicas se faziam necessárias e Tata pode ser o homem para resolver isso.
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Bielsista, sim. Insano, não.


O Jogador

     Tata Martino é o maior jogador da história do Newell's Old Boys, tendo vestido 505 vezes a camisa do clube - o recordista nesse quesito. Ele é mais um da vasta geração de bielsistas que se formou após a revolução na maneira de se pensar futebol promovida pelo argentino. Martino inclusive foi treinado pelo próprio Bielsa durante o período de 3 anos (1990-92) em que El Loco, até hoje maior técnico da história do clube, levou os leprosos a conquista de 1 Torneo Apertura, 1 Torneo Clausura e alcançar a final da Libertadores de 1992, quando foi derrotado pelo São Paulo de Raí e Telê Santana.
     Durante esse curto período - ainda que gigante para os torcedores do Newell's, que consideram essa a melhor época da história do clube - em que Martino era comandando por Bielsa, o camisa 8 era o jogador preferido de El Loco em campo - e não apenas por sua técnica. Martino era quem passava as ordens de Bielsa aos jogadores em campo, quem colocava em prática as estratégias exigidas pelo treinador e comandava os companheiros. Um líder em campo. Pode-se dizer que Martino era para Bielsa o que Xavi foi para Guardiola durante seu período como treinador do clube catalão.
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O Treinador

     Como treinador, no entanto, Martino não é tão extremista quanto seu professor. Suas equipes não são tão insanamente ofensivas quanto as de Bielsa, tampouco suas defesas são tão desprotegidas. Suas semelhanças são filosóficas, mas não ideológicas (e aqui a diferença é sutil): digamos que ele siga os pensamentos de seu mestre como princípios, não como dogmas. Tentarei explicar.
     As semelhanças no estilo de jogo que ele impõe aos seus times são de conceitos como o da intensa marcação sob pressão, com objetivo de recuperar a bola o mais rápido possível e toque de bola inteligente, sempre buscando companheiros em melhor condição de jogo.
     As diferenças começam quanto ao uso que cada um faz da posse de bola, quando seu time a tem:
     Bielsa é muito mais ofensivo. Seus times estão sempre buscando passes verticais em direção ao gol. Posse de bola não é tão importante se não produz efeitos imediatos. O adversário deve estar sempre sob pressão. Para tanto, quase todos os jogadores do time precisam estar no campo do time adversário, o que constantemente gera contra-ataques perigosos e situações que os times bielsistas penam em combater. O ataque dos times de Bielsa costuma ser arrasador, mas as defesas são frágeis.
     Martino é muito mais pragmático que seu mestre, no sentido positivo da palavra. Suas defesas são mais consistentes, seus times não são tão voltados ao ataque - ainda que sejam essencialmente ofensivos - e ele valoriza a paciência e a posse de bola defensiva, armas antigas e efetivas da filosofia barcelona-cruyffista.      É também bem mais flexível que Bielsa: no comando da seleção do Paraguai, durante a primeira fase da Copa América 2011, Tata percebeu que um dos grandes defeitos do time era levar muitos gols. Ao invés de fazer o que Bielsa provavelmente faria - fazer com que seu time marcasse ainda mais gols (mesmo que isso fizesse com que boa parte dos jogos acabassem 3-2, 5-4, etc.) -, Martino preferiu acrescentar estabilidade defensiva à seleção paraguaia e isso rendeu frutos: uma final de Copa América contra o Uruguai, quando o já desgastado sistema defensivo paraguaio não suportou o fortíssimo ataque de Cavani, Suárez e Forlán.

     Tata Martino é um treinador que não exporta suas características em sua plenitude para os times que comanda. Faz mais do que isso: ele as adapta às necessidades do time, melhorando-as. É um treinador para quem os resultados não são mais importantes que a manutenção do estilo de jogo, mas com a noção de que um estilo de jogo só é útil se produz resultados.

     Martino é um bielsista, mas não representa a continuidade do estilo de Bielsa. Martino gosta da posse de bola e da paciência, como o Barcelona. Bielsa, não. Até por isso, para o Barcelona o ideal é Tata.
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Currículo

     Não sou do tipo que acredita que o currículo de um treinador seja determinante para definir sua capacidade como comandante. Quantos títulos Pep Guardiola tinha antes de inovar todo um jeito de se pensar o futebol e se tornar o técnico mais vitorioso da história do Barcelona? E José Mourinho, técnico tão vitorioso, promoveu qual mudança profunda nas equipes em que passou? Porto, Inter e mesmo Real Madrid até hoje não têm uma filosofia de jogo própria, uma identidade. Mourinho apenas passou por eles e ganhou títulos.
     De qualquer forma, é um exercício interessante de se fazer. A carreira de Martino como técnico se deu exclusivamente em solo sul-americano - o que alguns classificarão como uma desvantagem, já que ainda não conheceria como funciona o futebol europeu. Mesmo em clubes notavelmente escassos em material humano de qualidade, Martino conseguiu dar consistência e estilo de jogo, marcando época em cada um.
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 Conquistas de Tata Martino

   • Libertad (2002-03, 2005-06): 3 campeonatos paraguaios (2002, 2003, 2006), semi-final de Libertadores (0-2 vs Internacional).

   Cerro Porteño (2003-04): 1 campeonato paraguaio (2004).

   Newell's Old Boys (2012-13): 1 Torneo Final (2013), semi-final de Libertadores (2-2 vs Atlético-MG*).

   Seleção do Paraguai (2006-2011): quartas-de-final de Copa do Mundo (0-1 vs Espanha, com pênalti perdido pelo atacante paraguaio Óscar Cardozo), final da Copa América (0-3 Uruguai).

     Longe de ser um currículo vistoso pros padrões de grandes clubes europeus. Mas futebol não é só currículos: em uma análise mais profunda de cada um de seus trabalhos nesses clubes, é fácil constatar que Martino marcou diferença em cada time que comandou, fazendo trabalhos acima da média. Considerando apenas equipes paraguaias, Martino teve um aproveitamento de 68% em torneios domésticos e 55% em torneios internacionais, apenas não conseguindo conquistar um título internacional.
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     No Libertad, primeiro clube em que marcou história como técnico, Martino conseguiu um feito épico: conquistou o campeonato nacional de 2002, primeiro título da liga nacional do Libertad desde 1976, quebrando um jejum histórico de 26 anos sem títulos e um domínio gritante do gigante paraguaio Olimpia, El Rey de Copas. O bi-campeonato seria conquistado no ano seguinte, com uma nova supremacia nascendo no Paraguai.
     Na semi-final da Libertadores de 2006, no retorno de Tata ao comando do Libertad após passagens por Cerro Porteño e Colón, o sonho de alcançar a final só foi frustrado por um 2-0 no Beira-Rio contra o Internacional de Fernandão.
     O Libertad, a partir desses feitos, passou a ser sempre campeão ou vice até o Torneo Apertura 2010, quando Guaraní e Cerro Porteño terminaram em 1º e 2º lugar, respectivamente. A supremacia estava imposta, o legado de Tata Martino seria eterno.

Inter 2x0 Libertad, semi-final da Libertadores 2006

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     No Cerro Porteño sua passagem foi menos marcante que no rival Libertad, mas não menos vitoriosa: passou apenas 1 ano no clube de Asunción, contratado no final de 2003 para comandar o time em 2004. Conquistou os torneios Apertura e Clausura, sendo mais uma vez o treinador campeão do ano no Paraguai. Com esse título, Tata conquistava seu terceiro campeonato consecutivo (2 pelo Libertad, 1 pelo Cerro).

Cerro Porteño, de Martino, campeão no Paraguai em 2004

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     Ao final de 2006, credenciado pelas várias conquistas em território paraguaio, Tata era apontado como novo treinador da seleção paraguaia de futebol. Dirigiria o Paraguai de 2007 até 2011 - curiosamente, o mesmo período em que Marcelo Bielsa permaneceu a frente da seleção do Chile.
     Na seleção paraguaia, Martino alcançou o ápice de sua fama com campanhas espetaculares na Copa do Mundo 2010 e na Copa América 2011. Resultados expressivos com uma seleção enfraquecida, que recentemente perdia seu principal atacante, Cabañas, e precisava se reinventar.
     Em uma eliminatória para a Copa do Mundo de 2010, Tata já mostrava que seu trabalho era sério: 3º lugar e 33 pontos em 18 jogos disputados, apenas 1 ponto abaixo do líder Brasil e empatado com o 2º colocado, o Chile de seu professor Bielsa.
     Já na Copa do Mundo da África do Sul, o Paraguai fez campanha honrosa: 1º colocada em um grupo com Eslováquia (2-0), Nova Zelândia (0-0) e Itália (1-1). Nas oitavas-de-final, o Paraguai já mostrava sua maior virtude: a defesa. Um 0-0 contra o Japão e um 5-3 nos pênaltis o colocou nas quartas-de-final, onde enfrentaria a futura campeã Espanha. Não fosse o pênalti desperdiçado por Óscar Cardozo, em defesa de Casillas, talvez o Paraguai até eliminasse a badalada seleção espanhola. Mas chegar até aí já foi um feito.
     Na Copa América 2011, o Paraguai fez mais uma honrosa campanha: classificou-se no grupo de Brasil, Venezuela e Equador com um 3º lugar, avançando até as quartas-de-final onde encontraria novamente a seleção brasileira, dessa vez para eliminá-la: 0-0, com 2-0 nos pênaltis. Em outro 0-0, o Paraguai passava pela Venezuela nas semi-finais com 5-3 nos pênaltis e chegava até a final, onde jogaria contra o Uruguai. Já desgastada pelo ritmo intenso de jogo de Martino, a seleção não aguentou a pressão do forte ataque uruguaio de Suárez, Forlán e Cavani e levou um 3-0. Vice-campeão não deixa de ser uma ótima campanha.

Paraguai 0-0 Brasil (2-0 nos pênaltis)

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     No fim de 2011, após se tornar o treinador com mais jogos pela seleção paraguaia, Martino se juntava ao Newell's Old Boys, clube que sempre amou e onde foi ídolo como jogador.
     A situação não era nada simples: o Newell's fazia campanhas fracas já há alguns campeonatos (18º e 19º nos últimos campeonatos argentinos) e estava ameaçado de rebaixamento pelo sistema promedio, que leva em conta não apenas a campanha na atual temporada mas nos últimos 5 campeonatos (lembrando que na Argentina se realizam 2 campeonatos por ano: Apertura e Clausura, atualmente Torneo Inicial e Final). Ele precisava não só tirar o clube da situação difícil, precisava também recuperar o orgulho do torcedor leproso - apelido dos torcedores do Newell's.
     Para cumprir essa árdua missão, Tata e a diretoria do Newell's buscaram no mercado de fora da Argentina trazer ídolos com história no Newell's: Maxi Rodriguez, até então jogador do Liverpool e que se esforçou ao máximo para jogar no seu time de coração; Heinze, zagueiro de passagens por grandes clubes europeus como Real Madrid, United e Roma; e Scocco, que estava esquecido no Al Ain, dos Emirados Árabes.
     O resultado foi imediato: com um elenco mais qualificado e algum tempo de trabalho, Martino quase conquistou o Torneo Inicial 2012 (quando foi vice para o Vélez) e conquistou o Torneo Final do mesmo ano, 3 pontos a frente do 2º colocado River Plate. Um ano perfeito, não fosse o fato de terem perdido a final entre os campeões de 1º e 2º turno contra o Vélez por 1-0, quando o time já estava absolutamente desgastado física e mentalmente, e a semi-final da Libertadores nos pênaltis para o Atlético-MG.

Newell's 2-0 Atlético-MG
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A Escolha

     A campanha espetacular pelo Newell's Old Boys foi provavelmente o que habilitou Martino a ser possível novo técnico do Barcelona. Um time sul-americano que apresentava o que há de mais moderno no futebol mundial como conceitos de marcação pressão, verticalidade e transição rápida entre setores era algo que impressionava os catalães. Zubizarreta, que é amigo de Bielsa e é fã do estilo Cruyff, viu em Tata o homem que poderia ser o catalisador da evolução tática que o Barcelona precisa e o procurou. Segundo a imprensa argentina, Tata inclusive teria recusado propostas do Real Madrid pois preferia o Barcelona.

     A outra opção, Luis Enrique, era a opção "segura" e inclusive minha aposta de que seria o próximo treinador do Barcelona. Conhecedor do clube como poucos, Luis Enrique foi jogador e treinador do Barcelona B por um bom tempo. Trabalhou com garotos como Thiago, Bartra, Tello, etc. e já estaria adaptado a rotina do Barcelona, conhecendo como funciona o vestiário e sabendo lidar com egos. Mas o que levou o Bareclona a preferir um estrangeiro? Um ponto de vista de fora, acredito.

     A filosofia barcelonista não mudará porque um técnico de fora chegou. Pelo contrário: Martino tem exatamente o perfil do Barcelona, mas com mais experiência no futebol sul-americano e conhecimento tático maior do que seu antecessor, Tito Vilanova. A vantagem que Tata carrega consigo é de ser conhecido como um estrategista, um homem que conhece o lado tático do futebol e também sabe lidar com as categorias de base - essa última parte, pelo menos, segundo quem acompanha seus trabalhos mais a fundo.

Já não basta ao Barcelona apenas se apegar a própria filosofia e esperar que tudo dê certo. É necessário evoluir, a partir do próprio estilo, para algo maior, melhor, mais eficiente. Martino terá essa árdua missão.
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O Estrategista

     A verdade é que, fosse apenas pelo currículo, a contratação de Tata Martino faria pouco sentido para os catalães. Nenhuma experiência como técnico na Europa, para começar, não é um atrativo. Mas o argentino é mais que um homem de currículo - é um homem de ideias. Ideias como marcação pressão, posse de bola, jogo ofensivo, verticalidade e outras já conhecidas dos azul-grenás. E essas ideias atraíram o Barcelona.

(ps: na explicação desse tópico usaremos MUITO do que foi escrito AQUI. Todos os créditos ao autor)

     O Newell's é o exemplo do que há de mais moderno no futebol. Eles defendem e atacam em números, criando superioridade numérica em relação ao adversário. Enquanto a maioria dos times separa seus setores em "jogadores que defendem" e "jogadores que atacam", Martino exige que seus times ataquem e defendam em bloco, com todos auxiliando e criando opções de passe. Não é incomum ver laterais e meio-campistas no campo adversário, assim como atacantes no campo de defesa. Com essa estratégia, não é surpresa que o Newell's sob seu comando tenha sido o ataque mais efetivo da campanha do título do Torneo Final 2012-13: 40 gols marcados em 19 jogos, 9 a mais que o 2º colocado no mesmo quesito. Também sofreram apenas 6 gols nas primeiras 15 partidas da temporada, número que viria a diminuir com o passar da temporada e o crescente desgaste de um elenco limitado - explicaremos isso também.


   O gif ao lado representa como o Newell's de Martino alterava sua formação no decorrer da partida. O que inicialmente é um 4-1-4-1 se torna um 5-4-1 na defesa, com apenas Scocco no campo adversário, e um 4-3-3 variando para até um 3-4-3 quando o time está no ataque, sempre buscando criar superioridade numérica em relação ao adversário. A transição era sempre feita com precisão absoluta, raramente um jogador era encontrado fora de posição.

     É claro, Tata Martino não seria um bielsista se seus times não tivessem o conceito de marcação pressão. Ao perder a bola, o Newell's imediatamente pressionava com seus homens do meio-campo e ataque, recuperando-a e iniciando rapidamente outro ataque sempre que possível. Como pressionam em bloco, o time se encontrava diversas vezes em vantagem numérica de 5x4 jogadores ou mais.


     A imagem à direita revela outro aspecto do jogo nos times de Martino - e que foi especialmente lapidado no Newell's -, herança essencial do legado de Bielsa: a verticalidade do jogo. Ao contrário do que a maioria dos times na América do Sul faz ao rifar bolas diretamente da defesa o ataque, o conceito de verticalidade consiste em fazer com que a bola chegue rapidamente ao ataque em passes curtos e verticais - algo que o Barcelona sabe fazer, mas de forma mais pragmática (e precisa melhorar). Nessa estratégia de jogo, o passador precisa ter sempre pelo menos 3 opções de passe. No esquema ao lado, ficava claro como o desenho tático do Newell's se alterava durante os jogos, sempre criando superioridade numérica e opções de passe nos diversos setores do campo. A formação tática se alterava automaticamente do esquema inicial para um 3-4-3 ou 5-4-1, dependendo da necessidade do time, como já explicado anteriormente. A ideia é criar vários "diamantes" nos setores do campo, para os jogadores terem opções de passe - ideia originalmente atribuída a Cruyff.

     Nesse e em outros aspectos do futebol moderno de Tata Martino, a diretoria do Barcelona viu uma chance de evoluir da filosofia já típica do clube para algo mais moderno - o que não quer dizer que a atual seja ruim, apenas que precisa de ajustes. A maioria desses conceitos já são comuns ao Barcelona, mas desde que Pep deixou o clube, pouco se fez no sentido de evoluir o sistema de forma a combater os avanços táticos da modernidade.
     A última grande partida tática que o time fez foi naquele 3-1 contra o Real Madrid no Bernabéu em 2011, quando o time de Pep simplesmente dominou o jogo inteiro, destruindo a estratégia do Real Madrid de Mourinho - que alias, foi praticamente a mesma na temporada 2012-13. As variações daquele time que variava naturalmente do 4-3-3 tradicional para um 3-4-3, com Daniel Alves aberto pela direita, até um 3-3-3-1, com Alexis fazendo o papel do atacante que segurava os zagueiros adversários, criando espaço para Messi. Era um esquema que mudava e se adaptava a cada situação nova encontrada.

     Na última temporada, Tito assumiu uma postura muito mais ortodoxa, tomando algumas ideias do Barcelona como dogmas. O esquema, por exemplo, se tornou um 4-3-3 fixo, apenas em raros momentos alternando para um 3-4-3 e as vezes até um 2-5-3, no desespero da situação e com 2 laterais ultra-ofensivos, como no jogo de volta da Champions League contra o Milan, no Camp Nou. É verdade que a doença de Abidal contribuiu significativamente para essa estagnação tática na equipe - afinal, ele era um jogador essencial no esquema vitorioso de Pep -, mas pouco (ou nenhum) esforço foi feito para achar um substituto com as mesmas características do francês ou adaptar o time à sua ausência. E o time pagou por isso. Pagou mais caro do que pagaria em um substituto, tivessem procurado algum. Bayern, Real Madrid e PSG demonstraram a fragilidade do time, conseguindo chegar rapidamente à defesa do Barcelona e dificultando a transição defesa-ataque do time blaugrana. O sofrimento na temporada contra times maiores era notável.

     Martino é o homem em quem confiam para recuperar a capacidade estratégica e tática do time, uma vez que a capacidade técnica jamais se perdeu, apenas esteve sendo desperdiçada. Que a diretoria colabore com os projetos de Tata e que o treinador seja visionário o suficiente para localizar esses problemas e resolvê-los. Do contrário, essa geração espetacular de Messi, Iniesta, Xavi e Neymar será prejudicada.
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     Então, curtiu o post? Mande seus comentários, críticas e opiniões na caixa de comentários abaixo ou em reply no meu twitter. Agradecimentos especiais aos posts e mentores de quem tirei inspiração (e boa parte da informação) contida nesse texto. Se quiser saber mais sobre Tata, recomendo ler os seguintes artigos:

1) Like a Leprah Messiah
2) Who exactly is new Barcelona manager Gerardo Martino?
3) Barcelona coach Gerardo Martino's ideology shaped by Old Boys' network
4) Martino will maintain Barça traditions
5) E, é claro, os sempre inspiradores twitters de Migeru e Euleri. Um must-follow para todo fã do Barça.

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