segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Aleix Vidal

Os Desafios de Aleix Vidal no Barcelona


Atenção: esse texto é uma mera tradução. O texto original é esse aqui.

Os dois primeiros nomes que vêm à cabeça de quase todos desde que Aleix Vidal foi contratado pelo Barcelona são Daniel Alves e Jordi Alba. O primeiro por ter vindo do mesmo clube [Sevilla] e por jogar na mesma posição, além das dúvidas sobre se Aleix veio para aumentar a competição na posição do brasileiro ou até para substitui-lo. A renovação de contrato de Alves teve todas as coisas de uma típica novela brasileira: orgulho ferido, reações exageradas, lágrimas de um adeus e, finalmente, a reconciliação. Nunca saberemos se a contratação de Aleix Vidal teve alguma influência na renovação de Alves (talvez tenha o feito perceber que aquela era mesmo a última oferta do clube e que eles não esperariam mais por ele?), mas está bastante claro que o fato de ele ter ficado vai influenciar muito a função de Aleix Vidal no Barça: os dois lutarão pelo mesmo lugar no time.

Quanto às semelhanças com Jordi Alba, eles não jogam na mesma posição, apesar de Aleix também poder jogar no lado esquerdo do campo, mas eles guardam semelhanças em sua história de vida: os dois passaram pelas categorias mais inferiores de base do Barça (chegaram inclusive a jogar juntos no Infantil B); os dois deixaram o clube muito novos para se desenvolver em outros times; mudaram de posição de alas para laterais graças ao mesmo técnico (Unai Emery); e voltaram para sua casa de onde nunca quiseram sair: o Barcelona.

Finalmente, Vidal é comparável com Alves e Alba no sentido de que sua excepcional capacidade física o permite tanto ajudar a defesa quanto atacar furiosamente pelos cantos do campo, se tornando um dos poucos e tão desejado tipo de jogador que ocupa um lado inteiro do campo. Por Luis Enrique não confiar em Montoya, que deixou o clube essa temporada (e não vamos nem falar de Douglas), Aleix Vidal é uma ótima novidade no elenco, que dependia sempre da forma física de Daniel Alves. Aleix não é só um bom substituto, mas também uma competição pra posição.

Perfil

Nome completo: Aleix Vidal Parreu
Data de nascimento: 21/08/1989
Nacionalidade: Espanhol (catalão)
Altura: 1.76m
Peso: 70kg

Aspectos Físicos

A composição física de Aleix Vidal é mais similar a de um corredor de meia distância que de um velocista, apesar de sua capacidade de arranque. Ele é capaz de correr sem cansar durante um jogo inteiro, sendo que sua capacidade física permite que ele supere com facilidade a maioria de seus rivais no quesito velocidade. Graças à sua agilidade, ele é capaz de arrancadas com aceleração altíssima, o que lhe dá uma imensa vantagem quando ele e seu rival partem do mesmo lugar.
Diferentemente de Alba, Aleix Vidal tem uma aceleração mais explosiva e é mais resistente fisicamente, sendo muito difícil derrubá-lo. Nesse sentido, ele é parecido com o Daniel Alves. Apesar de não ser sua especialidade, o jogo aéreo de Aleix é melhor que dos dois outros laterais, já que sua altura [1.76m] contribui bastante para isso.

Aspectos Psicológicos

O caminho de Aleix Vidal para chegar ao futebol de elite foi qualquer coisa menos fácil. Ele passou pelas categorias de base do Barcelona, Real Madrid, Espanyol e Nàstic de Tarragona, sendo emprestado para os mais diversos times e localidades exóticas, como em um empréstimo ao Panathinaikos, da Grécia. Quando estava próximo aos seus 21 anos, Aleix terminava a temporada como jogador do Mallorca B, sem qualquer perspectiva de ser promovido.

O Almeria então fez uma oferta e ele aceitou, sabendo que seria sua última oportunidade de jogar profissionalmente. E finalmente sua sorte mudou: em agosto de 2011 ele foi selecionado pro time principal do Almeria, graças ao esforço próprio e à confiança de Lucas Alcaraz, então técnico do clube. No Almeria, Aleix conseguiu o acesso à primeira divisão espanhola com seu novo clube, onde jogou por 2 temporadas. Depois de impressionar os olheiros do Sevilla, Monchi, diretor técnico do clube andaluz, exigiu sua contratação, tornando Aleix uma das peças fundamentais no Sevilla de Unai Emery, que conquistou a Europa League naquele mesmo ano.

Sua história de sacrifício e superação traduz perfeitamente o caráter de Aleix. Ele é um lutador incansável, com ambição ao sucesso. Um jogador que dá seu máximo para conquistar tudo que deseja e é exatamente isso que o torna um jogador fundamental pro Barcelona, que já ganhou tudo e precisa mais do que nunca de jogadores que tenham vontade de ganhar de novo todos os títulos que o clube já ganhou. Aleix Vidal servirá para manter todos no clube atentos e motivados, especialmente Daniel Alves, que não vai poder relaxar se não quiser perder sua posição de titular para o catalão.
Além disso, seu caráter e força de vontade fizeram de Aleix um jogador facilmente adaptável a novos desafios, o que permitiu a Emery utilizá-lo como lateral, uma posição na qual ele nunca tinha jogado e nem é sua principal, mas como ele mesmo disse em sua apresentação: “Eu não sou um lateral, mas eu terei bastante tempo para treinar e aprender todo o possível sobre a posição. E eu vou lutar pra ser titular”.

Aspectos Técnicos

Diferente de Jordi Alba, que acabou se tornando lateral por suas limitações técnicas quando enfrentava defesas fechadas, a conversão de Aleix Vidal de ala para lateral aconteceu por motivos diferentes.

O novo jogador do Barça é tão rápido com a bola quanto sem ela. Ele tem um controle de bola espetacular, o que significa que ele não é bom apenas quando tem espaços, mas também quando precisa driblar em pequenos espaços de campo. Ele tem técnica e agilidade para mudar a direção de suas arrancadas, é multidimensional. Nesse aspecto, ele é superior a Jordi Alba e até ao Alves.

Ele não é exatamente um cruzador brilhante, mas ainda assim ele tem bons números em assistências e finalizações, o que permitiu que ele terminasse a temporada 2014/15 com 6 gols e 11 assistências. Boa parte desses números foi alcançada enquanto jogando de ala, visto que sua conversão para lateral se deu só no fim da temporada.

Aspectos Táticos

Aleix Vidal é um verdadeiro coringa, o que permite que se encaixe perfeitamente em praticamente qualquer esquema tático. Ele pode jogar nos dois lados do campo, mas prefere jogar pela direita, seja jogando como ala (sua posição natural), todo-campista (lateral + ala em um esquema com 3 zagueiros), meia-atacante ou lateral puro. No Barcelona, tudo indica que sua posição principal será lateral-direito, mas, considerando suas características, poderá atuar em outras posições. Contudo, suas características são bastante diferentes das do titular da posição, Daniel Alves, o que significa que ou ele ou o time que ganhou tudo em 2015 terá que se adaptar a mudança de estilo quando ele for titular.

No Ataque

O habitat natural de Aleix Vidal são os espaços, porque beneficiam sua velocidade. Começando de trás, como lateral, é um fator surpresa para o adversário, visto que permite uma arrancada com mais espaço, motivo pelo qual Unai Emery começou a utilizá-lo nessa posição. Na transição defesa-ataque, Aleix pode ocupar os espaços que se abrem na defesa rival, abusando de sua velocidade e capacidade de drible. Ele prefere receber lançamentos de longa distância para apostar corrida contra seus marcadores, mas também é capaz de puxar contra-ataques com seus passes, quando necessário.

Tudo isso torna Aleix Vidal algo parecido com uma réplica de Jordi Alba no lado direito, só que com mais gols. Ele é bastante diferente de Daniel Alves, porque apesar do brasileiro ter desempenhado uma função similar durante boa parte de sua carreira, jogando até de “falso ala” em dado momento, mas seu sucesso mesmo no Barcelona se deu quando começou a jogar de “falso meia”, auxiliando na saída de bola e ajudando defensivamente Busquets, onde seu jogo associativo permitiu que Messi tivesse liberdade para atacar pela direita. Daniel Alves é o principal parceiro de Messi.

É fato que buscar a melhor maneira possível de encaixar Messi no time é a fórmula para o sucesso do Barcelona, então resta observar se Luis Enrique vai pedir para Aleix Vidal replicar o estilo associativo de Daniel Alves para beneficiar Messi ou, pelo contrário, se vai dar ao catalão liberdade para atacar pela direita, fazendo de Rakitic e Rafinha os principais candidatos a se tornarem os novos parceiros de Messi quando Daniel Alves não estiver em campo.

Na Defesa

É preciso levar em consideração que Aleix só jogou algumas partidas como lateral, então é natural que com o tempo ele alcance muito mais em termos de consistência, posicionamento e proteção à zaga. Como ele mesmo admitiu em sua apresentação, um dos principais objetivos desses meses parado seria dominar os aspectos defensivos do jogo. Pelo pouco que jogou de lateral no Sevilla, o que se pode dizer de Aleix é que ele compensa sua falta de domínio das artes defensivas como sua capacidade física. A inexperiência o prejudica, não a falta de técnica.

O que Lucho exigir de Aleix no ataque vai afetar diretamente seu desempenho na defesa e também o jogo de quem atuar como ala direito quando ele jogar, possivelmente Messi. Se Lucho utilizá-lo como lateral ofensivo, com a missão de preencher todo o lado direito do campo, Rakitic será mais uma vez essencial para o equilíbrio do sistema, desempenhando um papel essencialmente defensivo. Se Lucho pedir para que Aleix trabalhe do mesmo jeito que Daniel Alves, como parceiro de Messi e um jogador adicional ao meio-campo, então ele terá muito que aprender com o brasileiro sobre como se posicionar e o que fazer em campo, quando pressionar e quando segurar o jogo, etc.


Em resumo, Aleix Vidal tem um enorme desafio a sua frente: depois de vencer tantos obstáculos para chegar ao vestiário mais campeão da atualidade, ele precisa se reinventar como lateral (e talvez até como “falso meia”) para se tornar importante ao time. Ele tem tanto para aprender quanto capacidade para triunfar. Sua capacidade de aprender e se adaptar determinará seu sucesso. Sua história mostra que encarar dificuldades e superá-las faz parte de seu destino.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Messi e o Caso dos Impostos

Messi e o Caso dos Impostos


Na primeira semana de outubro de 2015, o Ministério Público espanhol investigou e decidiu que Messi não tinha responsabilidade no crime de evasão de impostos, o retirando do polo passivo da ação penal, mas mantendo Jorge Messi, seu pai. A lógica era óbvia: Messi era jovem na época do suposto crime e nunca fez a própria contabilidade. Seu pai, no entanto, sempre foi responsável por suas finanças, cabendo investigar se houve ou não dolo (intenção) na sonegação de impostos.

Acontece que o direito espanhol permite, no caso de crimes contra a ordem tributária, que a parte lesada (no caso a Fiscalía, a Receita Federal espanhola) faça a denúncia residualmente mesmo que o promotor do Ministério Público tenha entendido melhor não faze-la. E foi o que aconteceu: a Advocacia Geral da Espanha anunciou essa semana (08/10/2015) que, mesmo não participando diretamente, Messi teria se beneficiado do esquema, razão pela qual deveria ir a julgamento. A pena sugerida é de 22 meses e meio.

A sonegação teria ocorrido entre os anos de 2007 e 2009, quando Messi tinha 20/22 anos. O valor total sonegado em impostos seria de 4,1 milhões de euros.


Messi pode realmente ser preso?


Em teoria, sim. Na prática, a chance varia entre mínima e nula. Motivos:

1) Messi nunca fez a própria contabilidade. O argumento de que ele é coautor por ter se beneficiado diretamente da sonegação é falacioso pelo simples motivo de estarmos falando de 4,1 milhões de euros, algo que não chega a 20% do que ele fatura mensalmente. Quem cuida de suas finanças é sua empresa, assim como faz TODO jogador. Se alguém pode ser acusado são seus contadores e seu pai, que supostamente cuidava de suas finanças. Agora, se você realmente imagina Messi com uma calculadora, planejando quais impostos ele não vai pagar para ficar um pouquinho mais rico, você é um idiota. A boa notícia é que você não está sozinho: os responsáveis pela Advocacia Geral da Espanha também acham – ou só querem holofotes mesmo, o que é mais provável.

2) Acusação não quer dizer condenação. Por mais que a mídia de massa ignore todo o processo penal e presunção de inocência, o mero fato de alguém ser acusado não demonstra nada além da POSSIBILIDADE de culpa. Vários outros casos similares de esportistas espanhóis famosos (Iker Casillas e Rafael Nadal, para citar dois) já foram julgados e os autores absolvidos, pois, assim como Messi, pagaram os impostos devidos e não fazia o menor sentido prendê-los. É uma lógica simples: o que é mais vantagem pros cofres públicos a longo prazo, prender o acusado que cooperou e dificilmente se envolverá em delito similar para defender uma postura pseudomoralista ou absolve-lo do crime e continuar arrecadando os altos impostos que ele rende ao Estado?

3) Mesmo SE chegasse ao ponto de Messi ser condenado, o Código Penal espanhol menciona em seu art. 80 que, quando a pena sancionada for inferior a 24 meses (e nesse caso a pena máxima possível é de 22,5 meses), o dano já tiver sido reparado e não houver antecedentes criminais, a pena pode ser cumprida em sua totalidade no regime aberto. Ou seja, mesmo se tudo der errado e Messi for condenado, não seria preso. Mas e se o juiz mesmo assim recusasse o regime aberto? Então...

4) Os advogados de Messi apelariam da decisão e, enquanto aguardasse julgamento do recurso, Messi permaneceria em liberdade. A decisão ainda muito provavelmente seria reformada em grau de apelação.

Em resumo: existe a chance de Messi ser preso? Existe, mas é quase nula.


O que vai acontecer então?


Messi será chamado a depor e explicará ao juiz exatamente a mesma coisa que já explicou ao promotor do Ministério Público: quem cuida de suas finanças não é ele, sempre foi sua empresa de contabilidade e seu pai. O juiz provavelmente entenderá o óbvio e absolverá Messi. Jorge Messi, no entanto, tem boas chances de ser condenado. A boa notícia é que os motivos anteriormente explanados também se aplicam ao caso, de forma que ele dificilmente cumpriria tempo de prisão.

Em resumo: tudo isso provavelmente será uma grande perda de tempo e uma chateação para Messi e sua família, mas não deve ter grandes consequências – além da óbvia mancha em sua reputação, que é irreparável.

Pode ser que isso afete Messi como jogador? Dificilmente. Estamos falando do melhor jogador do mundo, que provavelmente tem uma ótima equipe de advogados cuidando do caso. Ele será orientado da quase nula chance de condenação de qualquer um dos dois. A situação é chata e afetaria qualquer um no âmbito pessoal, mas algo me diz que Messi vai ficar ainda mais motivado para mostrar em campo que não é nos tribunais que vão derrubá-lo. Isso envolve interesse de muita gente que não consegue pará-lo em campo e precisa recorrer a outros meios.

Curiosidade: a diretora de serviços jurídicos da Advocacia Geral da Espanha é Marta Silva, coincidentemente uma ex membra da diretoria do Real Madrid entre 2004 e 2006 – gestão que na época era do mesmo presidente atual: Florentino Pérez. Também por coincidência, claro, Marta Silva representa a Agência Tributária Espanhola no caso Neymar sobre a suposta evasão de impostos em sua transferência do Santos ao Barcelona. Pode, de fato, ser tudo uma grande coincidência, mas vale a reflexão.

Fontes/jornalistas consultados:

SPORT


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Neymar: mais além da atitude

Neymar: mais além da atitude


Antes de começar a ler esse texto, saiba que eu não estou negando que Lucho errou ao substituir Neymar contra o Sevilla. Ele era o melhor em campo, eu não tiraria. A ideia era uma substituição tática, não técnica. Por isso Suárez, que é melhor nas bolas aéreas e ajuda mais na defesa, ficou em campo. Sem Neymar, no entanto, o time perdeu a força de contra-ataque. Mas há certo exagero em dizer que por culpa dessa substituição empatamos o jogo. Empatamos por 3 falhas pontuais: a de Bravo no 1º gol; a de Pique no 2º gol e de Suárez ao não converter pelo menos 2 chances fáceis. Mas não é essa a discussão desse post. Falaremos da atitude de Neymar e suas consequências, independente do resultado do jogo.

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     Em 2013, ao chegar no Barcelona, Neymar prometia humildade e dizia saber que chegava em um ambiente novo, disposto a aprender. Atitude louvável. Em campo até hoje sua evolução é notável: hoje é melhor taticamente e está mais entrosado com o time, formando uma ótima dupla com Messi e aos poucos melhorando sua conexão com Suárez. Seu único problema por enquanto é sua atitude: Neymar insiste em reclamar TODA VEZ que não é titular ou é substituído em um jogo. E isso é extremamente negativo tanto para a imagem do jogador quanto do clube por diversos motivos. Explicamos por quê:

1) Exemplo

     Antes, uma pequena introdução histórica: o lema "més que un club" foi utilizado pela primeira vez pelo então presidente do Barça em 1968 em seu discurso de vitória eleitoral. "O Barça é muito mais que um clube", dizia Narcis de Carrera, em catalão. O termo foi amplamente utilizado por clube e fãs como maneira de lembrar a influência do Barcelona na preservação da cultura catalã em tempos do regime totalitário franquista, que, entre outras atitudes, abolia manifestações culturais catalãs, proibindo inclusive catalães de falarem sua língua nativa. O castelhano, vertente tradicional do espanhol, era obrigatório em toda a Espanha... exceto no Camp Nou. O estádio, que seria alvo de vários ataques durante a ditadura do general Franco, era um dos poucos lugares em que os catalães podiam verdadeiramente se manifestar em sua língua. Mais que um estádio: era um espaço cultural. Sobre o assunto, vale a leitura do ótimo artigo científico de Victor de Leonardo Figols: "Dimensões sócio-políticas do Futbol Club Barcelona".

     É graças à influência de Cruyff, que queria importar para o Barça o modelo de academia do Ajax, e reflexo da atuação do clube na sociedade catalã que nasce La Masia. Mais que uma categoria de base, La Masia é uma instituição de excelência aos jogadores que nela ingressam. Por contar com categorias desde os 7 anos de idade (chamada no Barça de PreBenjamín) até 21 anos (idade média dos jogadores do Barça B), o clube conta com um vasto contingente de garotos entre várias idades. Mais que ensiná-los a jogar futebol, La Masia tem outros objetivos: educar no caráter formal do ensino - e por isso conta com escolas de ensino básico, médio e incentiva até que seus jogadores ingressem no ensino superior, quando terminam o ensino médio - e ensinar valores morais, como humildade, respeito e o valor do trabalho. Exige-se dos garotos da base não apenas bom futebol, mas também boas notas na escola e respeito para com seus colegas, técnicos e funcionários do clube. Por essa razão alguns jogadores com claro talento não tiveram futuro no clube. Exemplo mais famoso disso é Icardi, que hoje faz sucesso na Inter, mas sempre nunca teve uma atitude correta nos tempos em que jogou na base do Barça (prova disso é o famoso caso com a namorada de Maxi López, que era seu amigo próximo em tempos de La Masia - o que não o impediu de furar o olho do amigo).

     Como toda criança, os garotos de La Masia têm seus ídolos. Sergi Samper, o primeiro e até agora único a passar por todas as categorias de base do clube (do PreBenjamín até o time principal), sempre declarou que seus ídolos no qual se espelha são Busquets, Xavi e Iniesta. Rodrigo Tarin, um dos mais promissores zagueiros do Juvenil A, sempre diz que seus exemplos são a raça de Puyol e a elegância de Pique. Seung-Woo Lee, apelidado "Messi coreano", declarou recentemente que, quando for profissional, quer ser tão bom quanto Messi, Suárez... e Neymar, a quem chamou "melhor jogador do mundo" inclusive. Exagero ou não, dá uma noção do que Neymar significa pra muitos desses garotos.

     Neymar hoje é tão símbolo do Barcelona quanto foi Puyol em seu tempo. Quanto Xavi foi e ainda é. Quanto Messi pra sempre será. Neymar precisa ser exemplo positivo para os garotos da base que o idolatram e por isso foi justamente criticado por sua atitude: cobrar de crianças uma postura ética quando seus maiores ídolos fazem exatamente o oposto seria hipocrisia. Você pode concordar ou não com seu técnico, mas em hipótese alguma deve contestá-lo em público. Se você discorda, converse em privado, com educação. É uma lição básica ensinada em todas as categorias de base. É questão de hierarquia e respeito.

     Especialmente considerando toda a polêmica envolvendo sua contratação - polêmica da qual ele não tem culpa, é bem verdade -, Neymar deveria se esforçar para provar que não é um "galático". É um garoto humilde que, independente de seu óbvio talento, veio ao clube para aprender com os melhores. Fosse no Real Madrid, suas atitudes pouco importariam. A base é só mais um patrimônio econômico para eles. No Barcelona, no entanto, La Masia é um patrimônio cultural. É um dos pilares do clube. "Més que un club" não significa ter uma postura absolutamente irretocável, mas significa que seus atos servirão de exemplo para várias crianças. Neymar precisa lembrar disso, pelo bem de sua imagem e da do clube.

Como esperar que os garotos da base tenham um comportamento exemplar quando seus ídolos não dão exemplo?

2) Respeito

     Respeito tanto ao técnico quanto aos seus companheiros de time, diga-se.

     Aos companheiros de time porque é extremamente desagradável quando você substitui um jogador que, ao sair, dá a clara impressão de não confiar em você para fazer um trabalho tão bom quanto o dele. Imaginem-se na seguinte situação: você é um profissional à espera de uma oportunidade para mostrar seu trabalho e, quando ela finalmente surge, o companheiro com quem você convive diariamente, com quem você trabalha e até tem uma relação de amizade age como se você entrar no lugar dele fosse uma blasfêmia tão grande que se você tivesse o mínimo de consciência pediria para que seu superior mudasse de ideia porque você nunca será capaz de chegar aos pés do que seu colega faz em campo. Parece agradável? Independente do aspecto técnico ou da substituição ter sido certa ou errada, imaginem-se na pele de Xavi, que foi quem substituiu Neymar: o que passa pela cabeça de um dos maiores ídolos da história do clube quando é anunciada a substituição e Neymar age como se sua saída fosse um absurdo, como se todos os que estão no banco são incompetentes demais para merecerem jogar? E não só Xavi: o mesmo valeria se fosse Mascherano, Pedro e até Sergi Roberto. Não cabe a um jogador menosprezar um companheiro, seja ele quem for. A substituição de Lucho pode ter criado um clima chato entre Neymar e o técnico? Talvez, mas pode ter certeza que a reação de Neymar foi BEM mais prejudicial.

     Ao técnico porque, afinal, é ele quem manda. Simples assim. É questão de hierarquia: por mais importante que você seja no time, o técnico é quem foi o escolhido para tocar o projeto do clube. É ele, não você, que entende questões táticas e físicas, que planeja não só o jogo de hoje como também os próximos e que precisa enxergar os jogadores não individualmente, mas como um todo. É difícil lidar com o ego do técnico? Se coloque no lugar dele, que tem que lidar com o ego de 23 jogadores que invariavelmente querem sempre estar em campo, enquanto é pressionado constantemente por resultados. 22 jogos, 20 vitórias, apenas 1 derrota e 1 empate? Não vale de nada se você tropeçar amanhã.

     O imediatismo no futebol moderno é tamanho que técnicos são avaliados e demitidos no meio de um trabalho sem sequer ter meses para implantar suas ideias. Certa vez um dirigente (do qual não lembro o nome) disse que a razão pela qual times pequenos continuam na mediocridade e alguns times grandes não conseguem manter o sucesso é a constante troca de projeto. Não deu certo nos primeiros meses de uma temporada? Troca de técnico. Perdeu uma sequência de jogos ou um clássico importante? A torcida pressiona e seus dirigentes sucumbem à pressão popular. É um ciclo vicioso que quase invariavelmente resulta na demissão do técnico e na troca do projeto. Todo o planejamento, contratações e ideias foram pro lixo.

     Ironicamente, a história mostra que os times mais vitoriosos vão justamente ao contrário dessa tendência: o Manchester United de Alex Fergunson, que não ganhou absolutamente nada nos primeiros 4 anos, conquistou tudo que era possível nas duas décadas seguintes; a seleção espanhola, cujo começo da era vitoriosa se deu com Luis Aragonés (2004-2008) e teve seu projeto mantido por Del Bosque (2008-hoje), resultando em 2 Eurocopas e um título inédito de Copa do Mundo; o Barcelona de Pep Guardiola, que, no momento de sua contratação, foi extremamente contestado, pois nunca havia trabalhado em qualquer equipe que não fosse das categorias de base do Barcelona, e cujo sucesso posteriormente todos conhecemos.

     Pensem em tudo isso quando criticarem um técnico. A crítica positiva é válida? Sim, é a que tentamos fazer aqui. E Lucho já foi objeto da minha em VÁRIAS ocasiões. Mas isso é BEM diferente de achar que tem que mudar o técnico e começar um novo trabalho. Especialmente em pequenas coisas como discussão entre jogador e treinador, isso jamais deveria ser cogitado. Muito menos imediatista seria uma conversa entre técnico e jogador para resolver entre eles o problema. O maior reflexo de que um técnico faz um bom trabalho vai além dos resultados: é o que os jogadores demonstram em campo. No Barça de hoje, se algo não falta é vontade. E os resultados passam longe de ser ruins: líderes da Liga, finalistas da Copa do Rei e nas quartas-de-final da Champions. De quantos técnicos você poderia exigir mais? Quantos técnicos no mercado fariam um trabalho melhor? Me arrisco a dizer que nenhum.

3) Imprensa

     Existe algo em comum nas imprensas de Barcelona, de Madrid, do Brasil e de praticamente todo lugar do mundo (com louváveis exceções): o que importa pra elas é vender informação. E não tem nada que venda tão bem quanto uma polêmica.

     O jornalismo mudou muito de uns tempos pra cá. Antes feito por imprensa física (jornais e revistas), a revolução tecno-informacional transformou esse ramo da sociedade de forma profunda e significativa. Antes, na melhor das hipóteses, éramos informados no dia seguinte das coisas mais importantes que aconteceram. Hoje, com as mídias sociais, as informações chegam em questão de segundos. Como a imprensa tradicional pode competir com isso? Simples: expandir os trabalhos para a web e utilizar as mesmas técnicas das mídia sociais: informação rápida, quase instantânea.

     O problema é que, junto com as vantagens de copiar as mídias sociais (rapidez e popularização da difusão), vêm as desvantagens: no ímpeto de ser sempre o primeiro site a divulgar a informação, muitas vezes (pra não dizer praticamente sempre) a informação não é apurada. Pouco importa se suas fontes têm credibilidade, o que importa é ser o primeiro a comentar sobre o assunto. Se a informação for provada falsa depois, quem se importa? Apague como se nunca tivesse existido, afinal, ela já cumpriu seu objetivo: rendeu clicks ao site. E informações de um site são copiadas por outros, que não podem se arriscar a serem os últimos a divulgar a notícia. Sem qualquer cuidado de checar as fontes e apurar as informações, claro. As vezes sequer existem fontes.

     Esse modelo antiético de jornalismo é amplamente empregado nos meios de comunicação da atualidade, inclusive os que se dizem sérios. Uma ótima crítica a esse modelo de jornalismo foi escrita por um ex-funcionário do Daily Mail (ING), que narrou as diversas posturas antiéticas praticadas pelo jornal durante sua estadia na sede digital da empresa.

     Aplicando isso ao futebol, é fácil entender onde quero chegar: quais são as notícias que têm mais espaço na mídia tradicional? São as discussões táticas, as análises históricas, os textos 
que promovem discussões culturais? Ou são as crises - inventadas ou não, quem liga? -, as demissões, as piadas, enfim, tudo que é facilmente consumido pela grande massa?

     Certa vez, em uma coletiva de imprensa do Marseille, Marcelo Bielsa foi questionado sobre por que não fazia treinamentos abertos para a imprensa. A resposta do treinador foi uma aula sobre ética no jornalismo:


     Em resumo, Bielsa diz que o jornalismo atual não dá a mínima para questões realmente relevantes no futebol. Pouco importam as discussões técnicas, táticas ou de estratégia: se acontecer uma discussão em um treino aberto pra imprensa - o que acontece em TODO time, como o próprio Bielsa afirma -, isso será o foco dos jornalistas. E uma mera discussão vira um confllito. Um conflito vira uma crise. Pouco importa se o que dizem nos jornais não condiz com a realidade, o que importa é vender.

     A função social do jornalismo é informar seus leitores e torná-los mais cultos. O jornalismo moderno não faz nem um, nem outro. Pelo contrário: a grande maioria dos grandes veículos de imprensa se vendeu em nome da corrida informacional. Reflexo da sociedade de consumo em que vivemos, a informação deixou de ser cultura. O que consumimos em jornais geralmente não servirá para enriquecer em nada nosso conhecimento. Pelo contrário, são informações descartáveis.

     Finalmente, chegamos em Neymar. Em situações normais, a atitude de Neymar seria normal, de jogo. Afinal, quantos jogadores não saem com cara feia ao serem substituídos? Não é tão simples quando você joga no Barça. A imprensa de Madrid transformará isso em uma crise de egos entre técnico e jogador. A imprensa de Barcelona voltará a discutir se Lucho realmente tem o controle do vestiário - o que alias, começou a ser discutido após a suposta briga entre Messi e Lucho, que Mathieu e vários outros afirmaram não ter sido nada além de uma discussão de treino, como as que Bielsa diz que sempre acontecem. A imprensa brasileira, sempre buscando a polêmica que atraia leitores, traduzirá o caso como "Neymar vira descartável no Barça, se irrita e ainda vê Messi 'intocável'" (texto retirado na íntegra de um tweet da ESPN, um canal considerado sério). Cada um com intenções próprias, o objetivo de todas é o mesmo: atrair clicks para seus sites. É isso que move o jornalismo moderno: a informação superficial, vazia. O click do leitor.

     Por isso Neymar precisa tomar mais cuidado com suas atitudes. Algo até certo ponto inocente pode tomar proporções inimagináveis, como foi na suposta crise de janeiro depois da derrota contra a Real Sociedad. Se naquela época o resultado foi incrivelmente bom para o futuro do clube (as eleições foram anunciadas para o mesmo ano), a próxima repercussão pode não ter resultados tão positivos. E uma diretoria tão refém dos veículos de informação como a atual, com relações extremamente próximas do Grupo Godó (Mundo Deportivo, RAC1, entre outros) faria de tudo para manter o apoio da imprensa e, por consequência, da grande massa. Evitar que crises midiáticas se transformem em crises de fato é uma necessidade surreal dos tempos modernos.

ps: ao citar ESPN, dei um mero exemplo. Vários outros veículos de mídia poderiam ser incluídos na mesma descrição, a diferença é que a ESPN é a que eu mais acompanho.
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     Não tenho a menor dúvida de que Neymar resolverá esse pequeno problema de atitude. Um garoto que conseguiu lidar tão bem com todo sucesso que teve em uma idade tão jovem não estragará a própria carreira no clube que sempre sonhou em jogar por causa disso. Tampouco acho que uma mera discussão precise se tornar uma crise de ego entre técnico e jogador. Até o fim da temporada, como bem disse Laporta, todos precisam estar unidos por um objetivo comum: o bem do Barcelona. Ao fim da temporada sim, analisando o trabalho como um todo, poderemos falar sobre a responsabilidade de cada um. Discutir o projeto agora só fará mal ao clube. Em tempos de instabilidade política no clube, é obrigação de jogadores e comissão técnica se unir para o bem da instituição.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sobre como chegar ao poder

Sobre como chegar ao poder

Vai chegar o dia em que o Barcelona não esteja envolvido em alguma polêmica envolvendo sua política. Esse dia não é hoje. Enric Masip, ex-funcionário do clube, revelou informações muito interessantes envolvendo a atual diretoria, especialmente Rosell, Bartomeu e Toni Frexa. A seguir, a explicação mais elaborada da timeline de @enricmasip5 e sua denúncia contra nossa estimada diretoria.
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1.     Segundo @enricmasip5 (melhor jogador espanhol de handebol da história e ex-funcionário do Barça entre 2004 e 2013), sua atual mulher trabalhou há 7 anos atrás com Oriol Giralt, sócio do Barcelona que apresentou a ‘moção de censura’ contra o então presidente Joan Laporta em 2008, polêmica que enfraqueceu o então presidente e que resultaria na vitória maciça de Sandro Rosell nas eleições do clube em 2010. Rosell esse que à época defendia a bandeira de uma gestão mais honesta e transparente – olha só que ironia.


2.     A atual esposa de Enric tinha acabado de chegar em Barcelona na época, não falava catalão e não conhecia a política do clube. Como então conseguiu um emprego na Assembleia do Barcelona, órgão que vota sobre assuntos importantes do Barça (como mais recentemente foi o caso do projeto de reforma do Camp Nou) e que trataria diretamente da política do clube? Quem a contratou foi Anna Freixa (a quem Enric acabou chamando de Laura, equivocadamente), irmã de Toni Freixa - guarde o nome.



3.     Toni Freixa já foi aliado e personagem forte da atual diretoria, atuando como secretário e porta-voz, mas foi afastado desse cargo em outubro de 2014. Ele também provavelmente será candidato a presidente nas próximas eleições do Barcelona – razão pela qual foi afastado pela atual diretoria do cargo.


4.     Isso significa dizer que Toni Freixa, que ocuparia um cargo na gestão Rosell caso o mesmo fosse vitorioso em 2010 (como de fato foi), tinha: 1) interesse direto nos ataques ao então presidente Joan Laporta; 2) influência direta na política interna do clube há muito tempo; e 3) relação com as “informações” de supostos escândalos da então gestão que vazavam de dentro do clube para a imprensa – especialmente para veículos do Grupo Godó (Mundo Deportivo, RAC1, etc.), que tinha e tem até hoje relação íntima com Sandro Rosell. Informações essas que embasaram ataques midiáticos e judiciais contra Laporta por suposto estelionato com o dinheiro do clube – ação judicial essa, alias, que em outubro de 2014 teve sua sentença proferida pela justiça espanhola: não existe nenhuma prova que ligue Laporta às acusações de Rosell/Bartomeu. Mentiras e mais mentiras de Sandrito, Bartu e amigos.
5.     Em resumo: a atual diretoria já tinha desde os tempos de Laporta membros infiltrados no clube para torpedear seus inimigos políticos."Mantenha seus amigos perto, seus inimigos mais perto ainda”.


6.     Mas talvez mais interessante ainda seja uma publicação do Mundo Deportivo nessa segunda-feira (23/03/2015) em sua versão impressa (jornal de papel), assinada por Francesc Perearnau, sobre Laporta. A reportagem traz de novo acusações contra Laporta em supostos escândalos. Por coincidência, claro, essa publicação surge no mesmo dia em que La Fiscalia (o equivalente ao Ministério Público espanhol) pede à justiça espanhola a prisão de Sandro Rosell e Josep Bartomeu, respectivamente por 7 e 2 anos, por fraude fiscal na contratação de Neymar. Pura coincidência também que seja logo no jornal de maior circulação entre catalães sócios do clube.




7.     Outra coisa interessante é a postura é a dos jornais catalães nos últimos dias: trazem números e datas que "comprovam" que cada escândalo judicial envolvendo o Barcelona nos últimos tempos vem logo depois de uma conquista futebolística do clube, como as vitórias contra o Manchester City na Champions League e a vitória contra o Real Madrid no clássico pela Liga. A insinuação é que a justiça espanhola estaria agindo em conluio com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, para tirar a atenção dos sucessos do clube rival. Claro, não existe qualquer prova de tal especulação.

Vitimismo elevado a outro nível


8.     De qualquer forma, basta pensar um pouquinho: a quem interessaria que as graves acusações pelas quais os membros da atual diretoria passam fossem mentira?

        - Para o Real Madrid? A gestão Rosell foi uma das melhores da história... pro clube merengue. Destruíram o legado vitorioso construído por Laporta/Txiki Begiristain (vide saída de Guardiola).
        - Para a imagem do Barcelona? A imagem do clube já foi BEM danificada nos últimos anos com tudo o que aconteceu. Um escândalo confirmado a mais ou a menos a essa altura...
        - ...ou à própria atual diretoria, que personificada por Josep Bartomeu já declarou abertamente que pretende concorrer às próximas eleições do clube?


"O mundo está contra nós" é um discurso muito fácil de ser engolido pra quem não conhece a política do clube. Some isso à história de repressão da capital espanhola à cultura catalã e pronto: você tem uma conspiração entre Real Madrid e governo espanhol para prejudicar o Barcelona. Vitimismo como arma política. Esse é o maior perigo frente às eleições do clube, hoje mais próximas do que nunca. As piores coisas que poderiam acontecer agora é Laporta decidir não concorrer ao cargo ou o sócio acreditar nas coisas que saem nos jornais. E todos sabemos que a diferença entre um bom e um mau presidente de clube, aos olhos do torcedor comum, é o êxito esportivo. Basta uma boa temporada e alguns títulos para que tudo de ruim seja esquecido. Esperamos que não seja o caso. Não nesse clube, não com essa diretoria de novo.